CRIA DA NEWTON
Entrevista: Mara Bianchetti
Manuel Carvalho
Mara Bianchetti, se formou em
jornalismo pelo Centro Universitário Newton Paiva em 2008. Estagiou na CPJ
durante um ano e meio, e hoje é repórter do Jornal Diário do Comércio. Tinha a
pretensão de trabalhar na área de Turismo, mas se encontrou na Economia. Nesta
entrevista, a jornalista conta ao Lince sobre suas experiências, projetos e seu
maior sonho.
Lince — Como você define
a importância do curso de Jornalismo na sua vida?
Mara Bianchetti — Primeiramente, não me vejo fazendo
outra coisa que não seja Jornalismo. Sempre gostei de escrever e ler, além de
ser muito comunicativa. Unindo estas três coisas, achei que era o que melhor se
ligava a mim. Então, o curso foi fundamental na minha vida. Também observo no
mercado, que quem não tem o diploma não consegue a inserção. A obrigatoriedade
faz falta no sentido de qualificação do profissional, mas na hora da
contratação as empresas sérias não contratam. Foi na faculdade que aprendi as premissas
básicas e absorvi as teorias que na hora da prática fazem a diferença. No dia a
dia aplico o que lá estudei.
Lince — Encontrou alguma
dificuldade para inserir no mercado de trabalho?
Mara Bianchetti — Graças a Deus, não. Fiz estágio logo
que comecei no terceiro período. Saí da CPJ com uma promessa de contratação em
um jornal. Não fui efetivamente contratada, mas prestei freela durante quatro
anos após a faculdade. Então, minha inserção foi bem imediata. Graças ao meu
esforço, a Deus e ao Eustáquio, que sempre me ajudou, me dando orientação do
que fazer, além de ter me indicado.
Lince — Como é trabalhar
na cobertura econômica?
Mara Bianchetti — Eu costumo dizer que um dos motivos
que me levaram a fazer Jornalismo foi não gostar de matemática, já que não
tinha facilidade nenhuma. Inicialmente, queria trabalhar na área de Turismo,
que era minha experiência na CPJ. Quando saí, fui fazer um estágio na
Secretária de Estado de Turismo, além de ter sido este o tema da minha
monografia. Então, achei que minha carreira se faria ali, mas acabou que virou
uma decepção para mim, por não ter dado certo e não ter conseguido um trabalho
efetivamente nesta área. Posteriormente, o Eustáquio me indicou para um teste
no Diário do Comércio. Fui morrendo de medo porque matemática nunca foi o meu
forte e economia muito menos, mas hoje não me vejo cobrindo outra coisa.
Lince — Quais as maiores
dificuldades?
Mara Bianchetti — No começo eu não sabia nada, já que
não lia muito sobre economia. Pulava logo para a parte de Cultura e Turismo,
que era o que eu gostava. Depois, passei a ler as páginas de Política e
Economia. No início eu não sabia nem regra de três, mas hoje é a conta mais
simples que faço para uma matéria. Criar uma agenda de fontes também é complicado,
mas no Diário do Comércio todos se ajudam. Aprendi muito, mas ainda tenho muito
a aprender. Jornalisticamente falando já consigo driblar muitas dificuldades,
mas obstáculos temos todos os dias, porque sempre tem um assunto novo. Não posso
achar que sei tudo. Leio diariamente e me informo do que acontece na economia
do estado, no Brasil e no mundo, porque uma hora a matéria pode precisar de um
contexto mais global.
Lince — Em que seu
trabalho é diferente do que você esperava?
Mara Bianchetti — Descobri que a economia é muito mais
fácil do que eu imaginava, inclusive a própria matemática. Achava que era muito
mirabolante, porque pensava muito mais na macroeconomia, na situação do país e
nas relações internacionais. Isto faz parte, mas não é tanto a minha realidade.
Claro que tenho que contextualizar com a economia nacional e internacional, mas
o Diário do Comércio tem o foco em Minas Gerais.
Lince — O que você faz
durante um típico dia de trabalho?
Mara Bianchetti — Se estou na redação, chego às 14 horas
e saio às 20 horas. Teoricamente, porque tenho horário para entrar, mas não
tenho para sair. Só posso ir embora depois que a matéria está fechada. Quando
chego leio os jornais do dia. Neste meio tempo, o meu chefe de reportagem já
está passando a pauta. Se tenho alguma sugestão, reporto a ele. A partir daí,
já começo a apurar. Se é um assunto novo, leio antes para saber do que se
trata. Faço a entrevista, por volta de 15 minutos, no máximo 20. Geralmente,
são de duas a três matérias por dia. Após fazer tudo isso, começo a redigir. Se
for uma matéria tranquila, termino umas 19h30. Quando é algo mais difícil,
demora um pouco mais. Já teve dia que eu saí do jornal às 23 horas.
Lince — Sobre sua
carreira profissional, qual você considera ter sido sua matéria mais importante?
Mara Bianchetti — No ano passado, tive a oportunidade de
fazer uma séria de reportagens em um projeto piloto, chamado “DC Cidades”. O
objetivo foi mostrar o potencial econômico de cidades e regiões menores de
Minas Gerais. Fomos ao norte de Minas, em uma cidade chamada Taiobeiras.
Ficamos lá três dias, descobrindo economia onde não tinha nem água. Foi um
desafio muito grande, mas muito legal e satisfatório. Descobrimos economia numa
fábrica de temperos, que era sucesso em Montes Claro, que é a cidade polo da
região.
Lince — Já participou de
algum grande projeto?
Mara Bianchetti — Em 2012, o jornal completou 80 anos e
passou por algumas reformulações, mudando o projeto gráfico e implantando um
novo site, além de fazer alguns cadernos especiais. Na edição comemorativa,
fizemos uma série de reportagens projetando como vai estar a economia daqui há
30 anos. Foi bem bacana, porque tivemos a oportunidade de conversar com vários
setores, presidentes de várias instituições que representam a economia de Minas
Gerais, políticos e órgãos públicos. O jornal também tem uma publicação nova,
que chama “DC Análise”, que é uma revista de economia com matérias mais
profundas. Por meio desta publicação tive a oportunidade de fazer uma reportagem
sobre a indústria e a certificação do café em Minas Gerais.
Lince — Como você
enxerga a atual situação econômica brasileira?
Mara Bianchetti — Hoje, vivemos um momento muito difícil,
com uma alta taxa de juros, o que não é bom para o empresário, que deixa de investir.
Ele deixando de aplicar, a população deixa de receber os benefícios, porque não
temos a economia girando, nem empregos sendo gerados. Vivemos também um momento
de alta inflação, que acaba atrelando o consumo, já que é isto que tem ditado a
economia e segurado o nosso PIB. Nos últimos anos, o PIB foi impulsionado pelo
comércio e pelos serviços, mas já temos dado notícias lá no jornal que isto
está desacelerando. Os empresários estão receosos de investir pela alta dos
juros. Os preços estão lá em cima e não conseguimos consumir. A solução seria
uma reestruturação na base, com a reforma tributária e política. As nossas
empresas e indústrias não são competitivas no Brasil, por mera carga
tributária. A nossa estrutura econômica é atrasada e não se reformula. E, segundo
alguns economistas que já entrevistei, não há nenhuma perspectiva de mudança.
Sou otimista, mas acho que a situação do país infelizmente só tende a piorar.
Lince — Qual seu maior
sonho profissional?
Mara Bianchetti — Sou uma repórter nata, fiz o
jornalismo para exercê-lo. Sabemos que existem algumas vertentes, como dar
aulas ou montar uma assessoria de imprensa ou um próprio jornal. Pretendo fazer
e construir o meu nome dentro de uma redação, pois é o que eu gosto e sonho.
Mas vejo o mercado cada vez mais complicado. Infelizmente, não é a área da
nossa profissão mais valorizada. Não quero precisar sair, apesar de achar que um
isto vai acabar acontecendo. Talvez dentro da própria economia, porque se
entrei temerosa se daria conta ou não, hoje não me vejo cobrindo outra coisa
diariamente. Cubro qualquer coisa que me mandarem, sou jornalista acima de
tudo, não escolho área. Mas gosto da economia, ela me desafia muito.
Lince — Deixe uma
mensagem para os futuros jornalistas.
É isso aí! O Manuel Carvalho conseguiu extrair tudo o que eu tinha para dizer sobre a nossa profissão. Jornalismo é minha paixão mesmo!
ResponderExcluirParabéns Manuel pela entrevista e a minha jornalista preferida Mara Bianchetti pelas respostas
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