sexta-feira, 23 de maio de 2014

"Fotojornalismo é escrever a notícia através da imagem"

CRIA DA NEWTON

Entrevista: Doug Patrício

 
Fernando Oliveira

 

 
Dentre as entrevistas que a CPJ está fazendo com as feras formadas pela Newton Paiva, não podíamos deixar de prestigiar o fotojornalismo. Afinal, o que seria do jornalismo sem as imagens para comprovar o fato e dar mais credibilidade à notícia?

O Cria da Newton da vez é Douglas Patrício de Sousa, ou melhor, "Doug Patrício", como ele prefere. Com 28 anos de idade, o nosso entrevistado segue a carreira de fotojornalista há dois anos. Ele se formou em junho de 2009 pelo Centro Universitário Newton Paiva, e respondeu algumas questões interessantes sobre seu trabalho como fotógrafo esportivo. Confira:


Lince O que te levou a se interessar em ser fotógrafo? Você ingressou no curso de jornalismo já planejando trabalhar na área da fotografia?

Doug Patrício Não, nem me imaginava trabalhando com fotografia. Como a maioria das pessoas, entrei no Jornalismo sonhando em trabalhar na área do esporte. A fotografia nem passava pela minha cabeça, até ser influenciado por um amigo de sala que, naquela época, havia comprado uma câmera fotográfica. Então resolvi experimentar essa área e logo me apaixonei.

Lince Conte como começou sua carreira e as maiores dificuldades que você enfrentou no início.

Doug Patrício Minha carreira como jornalista começou no site Guerreiro dos Gramados, em que cresci e tive a oportunidade de me desenvolver como Cronista Esportivo e logo fui convidado para fazer parte do Site Portal do Torcedor, www.portaldotorcedor.net, em que desenvolvo um trabalho com fotojornalismo, desde 2012.

A maior dificuldade nesse período foi conquistar meu espaço e o respeito de outros profissionais. Infelizmente a classe hoje é muito desunida e a brecha para entrar no mercado e ser aceito infelizmente é muito pequena. Mas nada que com força de vontade e muita luta não se consiga. O importante é não desistir.

Lince Faça uma breve descrição sobre três imagens mais inusitadas (ou preferidas) que você já tirou.

Doug Patrício Um exemplo que vive de uma imagem inusitada e inédita foi em 2011, em um clássico entre Cruzeiro e Atlético, na Arena do Jacaré, em Sete Lagoas. O armador Roger, provocado pela torcida do Atlético, começou a mandar beijos para os torcedores. Não deixando barato, a torcida do Galo logo começou a chamar o jogador de chifrudo, devido à ex-mulher do jogador Deborah Secco, que era a atriz principal do filme Bruna Surfistinha. Saindo do campo, o jogador fez um chifre em formato de 6x1, resultado do último jogo do Campeonato Brasileiro de 2010, quando a Raposa aplicou uma goleada no rival e se viu livre do rebaixamento.
Fui o único a registrar o fato. O Marco Antônio Astoni, da globo.com, estava ao meu lado e perguntou se eu tinha capturado a foto. E o resultado disso tudo foi ela ter se espalhando por toda a mídia, inclusive no Fantástico.

Outro fato marcante foi a final da Libertadores em 2013. Aquela bagunça dentro de campo, jogadores e fotógrafos correndo para tudo quanto é lado e os jogadores do Galo colocaram o troféu no chão. O único que não estava presente era o Ronaldinho Gaúcho. Me lembro que estava em um espaço desfavorecido e, assim que o R49 chegou, consegui fazer uma foto como se ele estivesse regendo os demais jogadores do Atlético.

 
 
E um dos momentos mais emocionantes que já fotografei foi nos protestos de 2013.

 

Lince O que você pode falar sobre a sua profissão? Para você, o que é ser fotógrafo atualmente?

Doug Patrício Digo que, mesmo com as dificuldades e pouco apoio, a fotografia é algo essencial em qualquer lugar. Fazer fotojornalismo é escrever a notícia através da fotografia.
Ser fotógrafo hoje para mim é isso: Escrever a notícia através da imagem.

Lince Qual conselho você pode dar para jovens que se interessam em ingressar na carreira de fotógrafo?

Doug Patrício Não só para quem queira ingressar no fotojornalismo, mas sim para todos os que sonham em estar no Jornalismo. Nunca desistam dos seus sonhos. Não deixe que ninguém te desanime e corra atrás do que Deus tem preparado para você. Porque você é capaz! Estude, lute e persevere.
 

Lince O fotógrafo esportivo deve ficar muito atento aos detalhes e momentos mais importantes de um evento para executar o trabalho da melhor maneira. No futebol e no vôlei, por exemplo, quais artimanhas você utiliza para facilitar na hora de fazer uma boa foto?

Doug Patrício Fotografar esporte é algo bem desafiador. No futebol, por exemplo, nem sempre você irá conseguir a foto do jogo; é algo que envolve malícias e um estudo ao longo dos campeonatos. O auge do fotojornalismo no futebol é quando você consegue fotografar algo que ninguém mais fotografou, por exemplo, a comemoração de um gol ou uma provocação do jogador adversário a torcedores.

Já no vôlei esse lance ou essa comemoração nem sempre são os fatos principais. O ideal é que você procure um ângulo bacana e fique atento à rapidez dos lances e sempre atento para clicar, antes mesmo da ação do atleta.

A diferença principal do Vôlei para o futebol é que o vôlei te permite perder lances, enquanto o futebol, não. Mas o segredo é estar sempre atento e, como um bom jornalista, observar sempre tudo ao seu redor.
 

 


Lince Qual recordação mais relevante você tem como aluno da Newton Paiva?

Doug Patrício Justamente das aulas do professor Eustáquio Trindade, pois sempre que levávamos um texto para ele corrigir, ele achava um erro e algo a se melhorar. Essa persistência na procura do melhor hoje é algo fundamental, algo que levo para toda a vida.

Lince E os professores? De que forma eles influenciaram no seu sucesso profissional?

Doug Patrício Como já disse, a dedicação e o comprometimento de professores como o Eustáquio Trindade e a Sônia Pires são magistrais. Aprendi muito com eles na Newton Paiva e hoje tenho orgulho de falar que esses são os melhores professores que tive em toda a caminhada pela Newton.

Lince Quem era Douglas Patrício antes da Newton Paiva e quem é Douglas Patrício após a Newton Paiva? O que mudou?
Doug PatrícioAntes da Newton Paiva, o Douglas Patrício era um sonhador. Que sonhava como qualquer criança em ser jogador de futebol. Mas, como as/a pernas/habilidade não ajudavam/ajudava, o ramo foi outro. O Doug Patrício surgiu e, após ser aluno da Newton, hoje é um profissional que busca a cada dia o crescimento, com humildade e respeito aos demais profissionais.

Um comentário:

  1. Maravilhoso/maravilhosa, entrevistado/entrevista. Parabéns .Deus Abençoe muito Você/escolha/profissão.
    Abraços.

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