segunda-feira, 19 de maio de 2014

Sorte, oportunidade e destino


A luta por um lugar ao sol no mundo musical faz com que jovens de todo o país se dediquem cada vez mais à profissão


Camila Chagas e Felipe Freitas (5º período).



FOTOS: Arquivo pessoal
Sucesso, fama, dinheiro e reconhecimento profissional são algumas das características que atraem pessoas para a vida artística. Muitos entram nesse caminho, mas poucos são reconhecidos por seu trabalho. Sendo assim, dedicação, compromisso e força de vontade podem fazer com que o artista seja valorizado. Cursar a faculdade de música, que são oito períodos, e ter o registro na Ordem dos Músicos, são alguns dos requisitos para garantir uma carreira de sucesso.

Para aprender a tocar e ler partituras, é preciso muitos anos de dedicação. Alguns artistas investem em tocar em bares pela cidade para adquirir uma experiência e também ter algum retorno financeiro, como afirma Isabella Gaspary, cantora, 18, que atualmente participa do quadro “Jovens Talentos”, do Programa Raul Gil, no SBT. “A música traz um retorno, mas você tem que procurar. Eu mesma corri atrás de barzinhos para tocar e já consegui muita coisa. O dinheiro que eu ganho é com a música”, expõe.


De pais para filhos

A paixão pela música é herdada pela própria família, que influência os futuros músicos. Isabella, por exemplo, diz que sua paixão pela música veio por causa de sua avó. “Eu tinha cinco anos e era afinadinha, então, ela me colocou no coral da igreja”, revela. Outro caso de herança musical é Rayan Carlo, 20. Além de ser cantor, toca piano, violão, bateria e guitarra, isso desde os oito anos de idade. “Descobri o meu talento vendo meu pai cantar, pois aos três anos já brincava com o seu violão; aos oito, ganhei meu primeiro instrumento e desde então nunca mais parei”, conta.

Ainda têm aqueles que são motivados pelos amigos para entrar na música. Nehemias Dogma, 22, baixista, afirma ter sido influenciado pelos seus pais, mas o que o fez realmente entrar nessa carreira foi um amigo que já tocava. “Sempre que sobrava um tempo eu treinava. Já toquei dentro de guarda-roupa, virado para a parede... são os jeitos que nós arrumamos”, brinca.

 
Em busca de um sonho

Mas, nem sempre, a sorte sorri para os jovens talentos. Alguns batalham a vida inteira para ter algum reconhecimento e não alcançam. Fazer sucesso nesse meio é para poucos e, às vezes, para conquistar os objetivos na carreira, fazem aquilo que não gostam, como afirma Nehemias. “Existem músicos famosos que não estão satisfeitos com o que fazem, pois queriam fazer coisas que lhes dariam prazer”. Para Rayan Carlo, a fama é a mistura de três coisas juntas. “Sorte, oportunidade e destino”.

Alguns artistas seguem o que está na moda, um estilo musical que está tocando nas rádios ou até mesmo na novela das nove, que necessariamente não é o seu ritmo. Mas é o que está vendendo e produzindo um retorno financeiro às gravadoras. Às vezes, o artista faz sucesso com apenas uma música, mas não tem experiência suficiente para se manter na mídia. “Não tenho nada contra, porque se eu fizesse uma música que estourasse não iria achar ruim”, explica Isabella, que está na carreira musical desde criança. “É tanta gente que batalha a vida toda, tocam 15 anos em barzinhos, mas não conseguem nada. Isso é difícil, tem que ter muita sorte”.

Incentivo escolar

Nas escolas, há pouco incentivo às artes, que podem ser uma forma de desenvolver um aluno mais tímido. As escolas deveriam investir em alunos com dons musicais e aptidão para outras artes, como teatro e dança. “Acho superimportante, pois acaba influenciando o aluno a ser mais comunicativo. Tem muita gente tímida e que precisa se soltar, se expressar”, observa Isabella.

Mas o ensino de tais artes, como a música, nos colégios não está longe de acontecer no Brasil. No dia 16 de outubro de 2013, foi aprovada a proposta de lei que faz com que disciplinas de música, teatro e dança se tornem obrigatórias nas grades curriculares de escolas públicas. Caso seja aprovada, as instituições de ensino terão o prazo de cinco anos para se adaptar ao novo currículo. “Acho uma excelente ideia. Não é atoa que os americanos dão um show e sempre foram nossas referências. Até porque acho que talento é um diamante bruto que precisa ser lapidado, e quanto mais cedo, melhor”, conclui Rayan Carlo.

 
Ordem dos Músicos

Mesmo os profissionais autodidatas precisam se filiar a Ordem dos Músicos de Minas Gerais. Para ter o registro, é necessário passar por dois testes; o prático e o teórico escrito. O primeiro é de percepção musical, no qual o candidato toca um instrumento, entre eles bateria, teclado, violão, guitarra e contrabaixo. Nesta etapa, serão avaliados a rítmica, melodia e harmonia. O exame teórico é uma prova escrita sobre as notas musicais.

No Conselho Regional de Minas Gerais da Ordem dos Músicos do Brasil (CRMG/OMB) o candidato se torna filiado tendo o registro definitivo pagando uma taxa de 120 reais ao ano. Para o presidente da OMB-MG e Regente da Guarda Municipal de Belo Horizonte, Sylvio Francisco do Nascimento, “o músico de verdade já nasce artista. Ele se filia à Ordem para ter o direito de tocar profissionalmente”, afirma.


 
Apresentação de novos talentos

O conservatório da UFMG é um novo espaço cultural em Belo Horizonte. Em 2000, passou por uma grande reforma, recuperando características originais do prédio desde 1926. Antes, o edifício era a Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que atualmente está localizado no Campus da Pampulha. O local possui um auditório onde vários eventos ocorrem todos os meses, como o Quarta Cultural (todas as quartas-feiras, às 12h30), a série de Concertos Didáticos UFMG (sábados, às 18h), e Prata da Casa, em parceria com a Escola de Música (toda última segunda-feira do mês). Isso além dos eventos esporádicos, como o Concerto de Natal (realizado há dez anos em dezembro).

Todos os públicos têm acesso ao conservatório, desde programas gratuitos aos demais consertos, que variam de 20 a 100 reais. O auditório tem capacidade para 220 pessoas, com média de 100 por evento. Cada espetáculo tem duração média de uma hora e meia. Para se apresentar no conservatório, não é preciso ser ou ter sido aluno da UFMG. Basta o músico enviar o seu material de trabalho com vídeos para serem analisados pela equipe do conservatório.

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