Nasce um cineasta em ponto de bala! O sonho de seguir
carreira no cinema, os projetos e as dificuldades de um jornalista mineiro
das veredas do grande sertão
Raphael Gouvêa (2º Período) para a edição 56 do Jornal Lince (outubro de 2013).
Mineiro de fala mansa e gestos mais calmos ainda, foi em
2007 que, aos 18 anos, Marco Antônio Pereira deixou Cordisburgo e veio para
Belo Horizonte, onde trabalha hoje como diretor de videoclipes e publicidade.
Chegando a Belo Horizonte, foi logo a um dos cinemas mais tradicionais da
cidade e assistiu um projeto que se exibia aos sábados, e que se chamava
“Imagem Pensamento”.
— Lembro como se
fosse hoje: a sala escura, as pessoas, o clima frio por causa do ar
condicionado e o vídeo... Aquilo tudo confundia muito minha cabeça. Mas, dos
pensamentos confusos que eu tinha, eu só conseguia destacar um: “Eu preciso
fazer um filme! Eu nasci pra fazer isso!”.
“Nóis Tudo”
Marco Antônio não perdeu tempo. Logo após o seu primeiro fim de semana
em Belo Horizonte, já iniciava as aulas no curso de Jornalismo na Newton. Afinal,
era profissão que ele sonhava seguir desde criança, ainda cursando o ensino
médio. No decorrer do curso, Marco Antônio teve uma visão ainda mais complexa
do Jornalismo, que lhe serviria muito mais do que ele imaginava a princípio.
Em busca de realizar o sonho de ir para o cinema, correu cada vez mais
atrás de seus objetivos. Encontrou em Léo Santos um mestre que o ensinou muito
sobre o assunto e o ajudou com o empréstimo de equipamentos que ele precisaria para
desenvolver seu projeto. Com essa ajuda, Marco procurou um curso específico dentro
da área e se formou na Escola Livre de Cinema, no final de 2008. Depois de
formado, dirigiu seu primeiro filme, que na verdade era uma espécie de
documentário chamado “A arte é de nóis tudo”. Esse documentário chegou a ser
exibido em Brasília e na Alemanha.
“Nós e o Horizonte”
Mesmo durante o curso de jornalismo, que levou de maneira muito
peculiar, Marco Antônio sempre teve a cabeça voltada para o cinema. Não era, certamente,
um aluno exemplar, mas era “diferenciado”, como bem definia uma de suas
professoras, Juniele Rabêlo. José Maria Souza Neto, o Zé Neto, outro aluno de
jornalismo que também incursionava pelo cinema, era um apoio constante.
Após concluir o curso de jornalismo, Marco Antônio dirigiu um longa
metragem chamado “Sobre Nós e o Horizonte”, um filme em que fala sobre a importância das pequenas
coisas. Sem financiamento, contando apenas com a ajuda dos amigos e com muita
criatividade para reverter a falta de grana, ele conseguiu transformar “Sobre
Nós e o Horizonte” em uma experiência única. Por isso, a exibição do filme se
transformou em um momento mágico.
— Um fato marcante
nessa minha relação com cinema foi exibir o “Sobre Nós e o Horizonte” na sala
Humberto Mauro, no Palácio das Artes. Foi uma sessão muito marcante. A sala
estava lotada, as pessoas se emocionando...
“Eu fiquei refletindo que foi um milagre ter conseguido terminar o filme
e lançar o longa, no mesmo cinema em, que há cinco anos, eu estava deslumbrado
em ver a telona pela primeira vez”, conta Marco Antônio, sempre destacando que
essa foi, de fato, “uma experiência fascinante”.
— Acho que ninguém ali na sala conseguiria entender o que se passava no
meu interior.
Atualmente, aos 26 anos, Marco está terminando as gravações de uma
websérie, que conta com a participação de vários atores consagrados no cenário
belo-horizontino. Entre eles, Guilherme Colina, Fernando Veríssimo e Márcia
Moreira.
E o jornalismo? Atualmente, ele trabalha como jornalista na comunicação
interna em uma multinacional brasileira, e diz que até pretende continuar na
área, mas que ninguém se engane: o jornalismo será apenas uma ferramenta a mais
para desenvolver seus novos trabalhos no cinema.
Fotos: Arquivo Pessoal
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