CRIA DA NEWTON
Entrevista: Doug Patrício
Fernando Oliveira
Dentre as entrevistas que a CPJ está fazendo com as feras formadas pela Newton Paiva, não podíamos deixar de prestigiar o fotojornalismo. Afinal, o que seria do jornalismo sem as imagens para comprovar o fato e dar mais credibilidade à notícia?
O Cria da Newton da vez é Douglas Patrício de Sousa, ou melhor, "Doug Patrício", como ele prefere. Com 28 anos de idade, o nosso entrevistado segue a carreira de fotojornalista há dois anos. Ele se formou em junho de 2009 pelo Centro Universitário Newton Paiva, e respondeu algumas questões interessantes sobre seu trabalho como fotógrafo esportivo. Confira:
Lince — O que te levou a se interessar em ser
fotógrafo? Você ingressou no curso de jornalismo já planejando trabalhar na
área da fotografia?
Doug Patrício — Não, nem me imaginava trabalhando com fotografia. Como a
maioria das pessoas, entrei no Jornalismo sonhando em trabalhar na área do
esporte. A fotografia nem passava pela minha cabeça, até ser influenciado por um
amigo de sala que, naquela época, havia comprado uma câmera fotográfica. Então
resolvi experimentar essa área e logo me apaixonei.
Lince — Conte como começou sua carreira e as maiores
dificuldades que você enfrentou no início.
Doug Patrício — Minha carreira como jornalista começou no site Guerreiro
dos Gramados, em que cresci e tive a oportunidade de me desenvolver como
Cronista Esportivo e logo fui convidado para fazer parte do Site Portal do
Torcedor, www.portaldotorcedor.net, em
que desenvolvo um trabalho com fotojornalismo, desde 2012.
A maior dificuldade nesse período foi conquistar meu
espaço e o respeito de outros profissionais. Infelizmente a classe hoje é muito
desunida e a brecha para entrar no mercado e ser aceito infelizmente é muito
pequena. Mas nada que com força de vontade e muita luta não se consiga. O
importante é não desistir.
Lince — Faça uma breve descrição sobre três imagens
mais inusitadas (ou preferidas) que você já tirou.
Doug Patrício — Um exemplo que vive de uma imagem inusitada e inédita foi
em 2011, em um clássico entre Cruzeiro e Atlético, na Arena do Jacaré, em Sete
Lagoas. O armador Roger, provocado pela torcida do Atlético, começou a mandar
beijos para os torcedores. Não deixando barato, a torcida do Galo logo começou
a chamar o jogador de chifrudo, devido à ex-mulher do jogador Deborah Secco,
que era a atriz principal do filme Bruna Surfistinha. Saindo do campo, o
jogador fez um chifre em formato de 6x1, resultado do último jogo do Campeonato
Brasileiro de 2010, quando a Raposa aplicou uma goleada no rival e se viu livre
do rebaixamento.
Fui o único a registrar o fato. O Marco Antônio Astoni,
da globo.com, estava ao meu lado e perguntou se eu tinha capturado a foto. E o
resultado disso tudo foi ela ter se espalhando por toda a mídia, inclusive no
Fantástico.
Outro fato marcante foi a final da Libertadores em 2013.
Aquela bagunça dentro de campo, jogadores e fotógrafos correndo para tudo
quanto é lado e os jogadores do Galo colocaram o troféu no chão. O único que
não estava presente era o Ronaldinho Gaúcho. Me lembro que estava em um espaço
desfavorecido e, assim que o R49 chegou, consegui fazer uma foto como se ele
estivesse regendo os demais jogadores do Atlético.
E um dos momentos mais emocionantes que já fotografei foi
nos protestos de 2013.
Lince — O que você pode falar sobre a sua profissão?
Para você, o que é ser fotógrafo atualmente?
Doug Patrício — Digo que, mesmo com as dificuldades e pouco apoio, a
fotografia é algo essencial em qualquer lugar. Fazer fotojornalismo é escrever
a notícia através da fotografia.
Ser fotógrafo hoje para mim é isso: Escrever a notícia
através da imagem.
Lince — Qual conselho você pode dar para jovens que
se interessam em ingressar na carreira de fotógrafo?
Doug Patrício — Não só para quem queira ingressar no fotojornalismo, mas
sim para todos os que sonham em estar no Jornalismo. Nunca desistam dos seus
sonhos. Não deixe que ninguém te desanime e corra atrás do que Deus tem
preparado para você. Porque você é capaz! Estude, lute e persevere.
Lince — O fotógrafo esportivo deve ficar muito atento aos detalhes e momentos mais importantes de um evento para executar o trabalho da melhor maneira. No futebol e no vôlei, por exemplo, quais artimanhas você utiliza para facilitar na hora de fazer uma boa foto?
Doug Patrício — Fotografar esporte é algo bem desafiador. No futebol, por exemplo, nem sempre você irá conseguir a foto do jogo; é algo que envolve malícias e um estudo ao longo dos campeonatos. O auge do fotojornalismo no futebol é quando você consegue fotografar algo que ninguém mais fotografou, por exemplo, a comemoração de um gol ou uma provocação do jogador adversário a torcedores.
Já no vôlei esse lance ou essa comemoração nem sempre são os fatos principais. O ideal é que você procure um ângulo bacana e fique atento à rapidez dos lances e sempre atento para clicar, antes mesmo da ação do atleta.
A diferença principal do Vôlei para o futebol é que o vôlei te permite perder lances, enquanto o futebol, não. Mas o segredo é estar sempre atento e, como um bom jornalista, observar sempre tudo ao seu redor.
Lince — Qual recordação mais relevante você tem como
aluno da Newton Paiva?
Doug Patrício — Justamente das aulas do professor Eustáquio Trindade, pois
sempre que levávamos um texto para ele corrigir, ele achava um erro e algo a se
melhorar. Essa persistência na procura do melhor hoje é algo fundamental, algo
que levo para toda a vida.
Lince — E os professores? De que forma eles
influenciaram no seu sucesso profissional?
Doug Patrício — Como já disse, a dedicação e
o comprometimento de professores como o Eustáquio Trindade e a Sônia Pires são
magistrais. Aprendi muito com eles na Newton Paiva e hoje tenho orgulho de
falar que esses são os melhores professores que tive em toda a caminhada pela
Newton.
Lince — Quem era Douglas Patrício antes da Newton
Paiva e quem é Douglas Patrício após a Newton Paiva? O que mudou?
Doug Patrício — Antes da Newton Paiva, o
Douglas Patrício era um sonhador. Que sonhava como qualquer criança em ser
jogador de futebol. Mas, como as/a pernas/habilidade não ajudavam/ajudava, o
ramo foi outro. O Doug Patrício surgiu e, após ser aluno da Newton, hoje é um
profissional que busca a cada dia o crescimento, com humildade e respeito aos
demais profissionais.
Maravilhoso/maravilhosa, entrevistado/entrevista. Parabéns .Deus Abençoe muito Você/escolha/profissão.
ResponderExcluirAbraços.