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quinta-feira, 19 de dezembro de 2013
Jornal Lince - Edição 57
quarta-feira, 4 de dezembro de 2013
Escola de Comunicação adquire 15 novos equipamentos de filmagem de alta tecnologia
Em conformidade
com as grandes redes televisivas, a Escola de Comunicação do Centro
Universitário Newton adquiriu 15 equipamentos de última geração para produções
em televisão. São duas câmeras de filmagem em alta definição, duas baterias
reservas, dois iluminadores de LED e mais nove cartões de memória de oito gigabytes cada. A ideia é aproximar os
estudantes das tecnologias utilizadas pelo mercado.
Foto: Matheus Rocha
Segundo
a coordenadora da Escola de Comunicação, Juliana Dias, os aparelhos existentes
na instituição foram superados tecnologicamente e, por isso, fez-se necessário
substituí-los, a fim de aproximar os estudantes do que há de mais moderno nessa
área: “Estamos buscando dar aos alunos a condição de trabalhar utilizando equipamentos
de ponta, porque é isso o que eles vão encontrar lá fora”, ressaltou.
Para
o cinegrafista Robson Alcântara, a evolução nas produções será enorme a partir
do uso dessas novas tecnologias. “Estamos saltando de um sistema Beta para o
HD, pois todas as televisões estão trabalhando com isso agora”, explica. “É uma
mudança radical de tecnologia. Isso facilitará o trabalho de todos”, afirma
Emerson Rivelino, também cinegrafista.
Thaís
Venturatto é estudante do 6º período de Jornalismo. Para ela, que é
apresentadora do programa “Descolado”, as novas tecnologias são fundamentais
porque irão agilizar o trabalho: “É um material de última geração. Ele será
importante para produzir melhor e mais rápido, com reflexos positivos no
resultado do trabalho”.
João Paulo Ferreira de Freitas é estudante do 4º período. De acordo com ele, no próximo semestre haverá a disciplina de TV. Em relação a isso, a expectativa é grande: “Esses equipamentos vão melhorar a qualidade do ensino, porque estimula o aluno a querer aprender mais”, observou Freitas.
terça-feira, 3 de dezembro de 2013
Um sonho bem próximo
Algumas decisões políticas podem interferir no futuro de uma das profissões mais antigas do mundo, o jornalismo
Por João Paulo Freitas (4º período).
Jornalistas de todo o país lutam durante anos
por uma causa em comum: a necessidade de se ter um diploma para exercer tal
profissão. Na terça-feira, 12 de novembro, a Comissão de Constituição de
Justiça (CCJ) da Câmara aprovou a admissibilidade da Proposta de Emenda à
Constituição (PEC) 206/12, que cita necessária a obrigatoriedade do diploma em
jornalismo para, assim, poder trabalhar. A PEC foi aprovada pelo Senado no ano
passado, mas somente agora deverá ser analisada por uma comissão especial.
O Deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA),
relator da PEC na CCJ, defendeu a admissibilidade do texto. Segundo ele, “a
exigência do diploma não vislumbra ofensa às liberdades de pensamento, de
expressão ou de comunicação, previstas na Constituição”.
Por hora, os deputados irão avaliar se é
aceitável ou não, o que é dito no texto. Por isso, eles precisam dar
legitimidade e, também, se julgarem necessário, pode haver mudanças de acordo
com as normas legislativas. Porém, tal comissão ainda não possui um prazo
correto para ser criada. Deverá ser instalada ainda esta semana. Assim espera a
FENAJ e Sindicato dos Jornalistas que, com lideranças parlamentares, articulam
a agilidade na aprovação da matéria.
Também está em tramitação na Câmara a PEC 386/09, do deputado Paulo Pimenta (PT-RS), que
restabelece a necessidade de curso superior específico para jornalistas. A
proposta, aprovada em julho de 2010, aguarda a inclusão na pauta do plenário.
SAIBA
MAIS
Para interar-se mais sobre o assunto, em
junho de 2009, o Supremo Tribunal Federal (STF)
derrubou a necessidade de diploma para jornalistas. Na época, a mais alta corte do país decidiu, por oito
votos a um, acabar com a exigência do diploma de curso
superior específico para a prática do jornalismo. Segundo os ministros da
época, o Decreto de lei 972/69, criado durante a ditadura militar que
regulamentava a profissão, injuriava a Constituição Federal.
sexta-feira, 29 de novembro de 2013
Iniciando com estilo
Formada na Newton, Marília Corradi lança seu próprio projeto, a Revista Papo de Salão
Em um meio tão fechado como o jornalismo, principalmente em setores específicos como a moda, a iniciativa em um trabalho próprio se torna uma excelente alternativa para driblar as portas fechadas do mercado. Pensando nisso, Marília Corradi, formada há quase dois anos na Newton, lançou recentemente seu novo projeto, a revista "Papo de Salão". A jornalista retornou nesta semana à velha casa para uma visita à Central de Produção Jornalística e falou sobre a sua publicação.
DÚVIDA E INSPIRAÇÃO
Após a formação, Marília se viu em uma situação comum a muitos estudantes: dúvida no que fazer. "Passei um tempo pensando o que faria da minha vida, achando que não queria mais jornalismo. Já me formei meio incrédula", conta. A inspiração, logicamente, veio em um salão de beleza. "Tinha um cabelo enorme. Fui no salão um dia e passei a tesoura", começa. "Nesse dia, tive uma reflexão. O Salão é um espaço onde as pessoas desenvolvem diálogos, o próprio cabeleireiro vira um psicólogo da mulher... há uns clichês, mas que têm um pouco de verdade".
A ideia foi fazer uma revista com os assuntos que ela mais ouve em um salão e outros que as mulheres gostam de conversar, fugindo do estigma de que mulher só fala de futilidade. "Nós mulheres conversamos sobre muitos assuntos, mas eles não são fúteis, necessariamente. Uma revista feminina não precisa trazer apenas futilidades, falar só de beleza, só do que se está usando atualmente", argumenta.
MERCADO A SER EXPLORADO
"Não sei se minha função é tirar esse estigma, porque não sei se sou capaz disso. Mas a intenção é fazer um trabalho voltado para esse sentido, além de o mercado da moda ser interessante. Há uma pesquisa que diz que as mulheres aqui no Brasil deixam de comprar produtos básicos, de alimentação, para comprar um item de higiene, por exemplo", conclui.
Para iniciar o projeto, Marília contou com a ajuda do seu primo, que é designer e também seu sócio. A linha editorial é toda definida por Marília. "Priorizo aquilo que for interessante. Se eu achar que o produto é bom, ele entra. Também tento dar um espaço social para a revista", citando a matéria sobre o recebimento gratuito de perucas por mulheres que têm câncer, que foi ao ar na primeira edição da revista.
Além dos colaboradores, Marília também conta com o apoio das redes sociais para divulgar seu trabalho. O facebook (www.facebook.com/revistapapodesalao) apresenta "postagens engraçadas, datas comemorativas e também conteúdos do portal" (www.revistapapodesalao.com.br). O twitter e o instagram podem ser acessados pelo endereço @paposalao.
Se você tem interesse em colaborar com a Revista Papo de Salão, mande um email para jornalismo @revistapapodesalao.com.br. "Pode mandar o que quiser, que a gente conversa", segundo Marília.
Por João Vitor Cirilo.
Em um meio tão fechado como o jornalismo, principalmente em setores específicos como a moda, a iniciativa em um trabalho próprio se torna uma excelente alternativa para driblar as portas fechadas do mercado. Pensando nisso, Marília Corradi, formada há quase dois anos na Newton, lançou recentemente seu novo projeto, a revista "Papo de Salão". A jornalista retornou nesta semana à velha casa para uma visita à Central de Produção Jornalística e falou sobre a sua publicação.
DÚVIDA E INSPIRAÇÃO
Após a formação, Marília se viu em uma situação comum a muitos estudantes: dúvida no que fazer. "Passei um tempo pensando o que faria da minha vida, achando que não queria mais jornalismo. Já me formei meio incrédula", conta. A inspiração, logicamente, veio em um salão de beleza. "Tinha um cabelo enorme. Fui no salão um dia e passei a tesoura", começa. "Nesse dia, tive uma reflexão. O Salão é um espaço onde as pessoas desenvolvem diálogos, o próprio cabeleireiro vira um psicólogo da mulher... há uns clichês, mas que têm um pouco de verdade".
A ideia foi fazer uma revista com os assuntos que ela mais ouve em um salão e outros que as mulheres gostam de conversar, fugindo do estigma de que mulher só fala de futilidade. "Nós mulheres conversamos sobre muitos assuntos, mas eles não são fúteis, necessariamente. Uma revista feminina não precisa trazer apenas futilidades, falar só de beleza, só do que se está usando atualmente", argumenta.
MERCADO A SER EXPLORADO
"Não sei se minha função é tirar esse estigma, porque não sei se sou capaz disso. Mas a intenção é fazer um trabalho voltado para esse sentido, além de o mercado da moda ser interessante. Há uma pesquisa que diz que as mulheres aqui no Brasil deixam de comprar produtos básicos, de alimentação, para comprar um item de higiene, por exemplo", conclui.
Para iniciar o projeto, Marília contou com a ajuda do seu primo, que é designer e também seu sócio. A linha editorial é toda definida por Marília. "Priorizo aquilo que for interessante. Se eu achar que o produto é bom, ele entra. Também tento dar um espaço social para a revista", citando a matéria sobre o recebimento gratuito de perucas por mulheres que têm câncer, que foi ao ar na primeira edição da revista.
Capa da revista publicada neste fim de ano.
(Foto: Divulgação/Facebook da Revista Papo de Salão)
Além dos colaboradores, Marília também conta com o apoio das redes sociais para divulgar seu trabalho. O facebook (www.facebook.com/revistapapodesalao) apresenta "postagens engraçadas, datas comemorativas e também conteúdos do portal" (www.revistapapodesalao.com.br). O twitter e o instagram podem ser acessados pelo endereço @paposalao.
Se você tem interesse em colaborar com a Revista Papo de Salão, mande um email para jornalismo @revistapapodesalao.com.br. "Pode mandar o que quiser, que a gente conversa", segundo Marília.
sexta-feira, 22 de novembro de 2013
TALENTO MADE IN MINAS
João
Paulo Freitas (4º Período) para a edição 56 do Jornal Lince (outubro de 2013).
Nascido na
pequena cidade de Bicas, interior de Minas Gerais, Marcelo Guilhermino Barreto,
45 anos — mais conhecido como Marcelo Barreto —, conheceu uma de suas maiores
paixões, o jornalismo. Com uma vasta experiência e um currículo invejável,
Barreto figura entre os maiores jornalistas esportivos do país. Passou os dois
últimos anos como correspondente internacional em Londres, pelo canal por
assinatura SPORTV. Atualmente ocupa a bancada do programa Sportv News, no qual
foi editor chefe. Confira abaixo o bate papo que tivemos com esse grande
profissional da comunicação.
Lince - Conte-nos um pouco sobre sua trajetória no jornalismo.
Barreto - Meu primeiro emprego foi na assessoria de imprensa da
Prefeitura Municipal de João Monlevade, logo depois que completei os créditos
no curso de comunicação da PUC-Minas, no início de 1990. Pouco depois, tive
minha primeira experiência em jornal, na sucursal do Hoje em Dia em Governador
Valadares. No ano seguinte, fiz prova de estágio para O Globo e me mudei de vez
para o Rio. Trabalhei por sete anos na editoria de esportes do jornal, pela
qual cobri dois Mundiais de Basquete e as Olimpíadas de Atlanta em 96. Em 98,
participei da equipe que fundou o LANCE!. Trabalhei no jornal, no site
LANCENET!, comandando a transformação em portal e a incorporação da Agência
Sportpress, e coordenei o lançamento da revista LANCE!A+. Durante esse período,
fiz um fellowship de jornalismo na Universidade de Michigan e na volta cursei o
MBA Executivo do Coppead-RJ. Depois, minha carreira transcorreu dentro das
Organizações Globo. Fui editor-chefe do Portal do Esporte, trabalhei na
editoria de esportes da TV Globo como produtor e repórter e, em 2003, fui para
o SporTV. Aqui, implantei o Núcleo de Produção (do qual fui chefe) e fui
apresentador e comentarista de vários programas: Redação SporTV, Tá na Área,
Troca de Passes, SporTV Repórter, Arena Olímpica, Momento Olímpico. Nos últimos
dois anos, fui correspondente do canal em Londres. Voltei ao Brasil no meio
deste ano e hoje apresento o SporTV News, jornal do qual fui editor-chefe antes
dessa experiência no exterior. Pelo SporTV, cobri duas Copas do Mundo, duas
Olimpíadas, uma Paralimpíada e três Copas das Confederações, entre outras
competições internacionais.
Lince - Atualmente, quais as maiores dificuldades que os jovens
jornalistas irão enfrentar para ingressar na área de comunicador esportivo?
Barreto - Pelo que ouço quando converso com estudantes de comunicação, um
dos principais problemas será a concorrência. Estou impressionado com o número
de jovens que ingressam nas faculdades de comunicação pensando especificamente
em trabalhar com o jornalismo esportivo. E não tenho certeza se nosso mercado
continuará em crescimento nos próximos anos. Existe todo um movimento de
mudança de hábitos de consumo que tem afetado áreas importantes do mercado,
principalmente os jornais. É claro que eventos ao vivo ainda têm um valor
diferente, o que pode preservar TVs e rádios enquanto não tiverem de disputar
os direitos com a internet. É possível que os jovens que hoje estudam para serem
jornalistas esportivos cheguem ao mercado num momento de grande mudança. Mas
eles são também, como consumidores de mídia, agentes dessa mudança, e têm tudo
para se adaptar rapidamente.
Lince - Como foi sua experiência como correspondente internacional
Sportv, em Londres, e quais os pontos positivos que trouxe para a comunicação
no Brasil?
Barreto - Para mim, foram dois anos inesquecíveis, de grande crescimento
profissional e pessoal. Mudar de país é uma decisão bastante complicada, que
mexe com a logística de toda a família. Tenho dois filhos, que tiveram de se
adaptar a um ambiente educacional totalmente diferente, e minha mulher, que
também é jornalista, precisou adaptar sua carreira à nova realidade. Voltamos
todos felizes e com grandes experiências na bagagem — e agora estamos passando
pelo processo de readaptação. No meu caso, foi uma importante reciclagem
profissional. Saí do estúdio e voltei para a rua. Cobri competições
importantes, entrevistei grandes atletas, viajei por toda a Europa e tive de me
virar em outros idiomas. Observei muita coisa na forma de se cobrir esporte lá
fora e acho que trouxe alguns bons exemplos para usar no Brasil.
Lince - Como você avalia o futuro do futebol brasileiro, tendo em vista
o crescimento econômico das equipes e, também, os eventos internacionais
prestes a serem realizados em nosso país, em termos de visibilidade?
OBS: Pode me
chamar de você nas perguntas.
Barreto - Tenho dúvidas sobre quanto tempo vai durar o crescimento
econômico das equipes. O que aconteceu nos últimos anos foi um reflexo do
crescimento da economia brasileira como um todo, e esse processo já está
sofrendo uma desaceleração. Os grandes times do futebol europeu não foram tão
abalados pela crise econômica no continente — que também já começa a mudar de
curso — e voltaram a fazer grandes contratações. Basta ver o desastre que foi
para o futebol brasileiro a última janela de transferências. O uso das arenas
da Copa pelos clubes pode ter um impacto positivo na arrecadação, mas é preciso
muito mais para competir com o dinheiro que vem de fora. Alguns avanços estão
sendo feitos na administração de dívidas, mas ainda é preciso melhorar o calendário,
resolver o problema das divisões de base, investir em estrutura.
Lince - Durante os protestos feitos no Brasil, você ainda residia na
capital inglesa. Como os europeus reagiram a todos esses acontecimentos? Você
acha que isso afetará na vinda de turistas estrangeiros, principalmente para a
Copa do Mundo 2014?
Barreto - Na época dos protestos, eu morava em Londres, mas estava em
Madri cobrindo a Copa das Confederações. A reação aos protestos, lá, foi de
perplexidade. Os espanhóis, que vivem num país em crise, com mais de um quarto
da população sem emprego formal, viam no Brasil um país em crescimento
econômico, e não imaginavam que os brasileiros tinham motivos para reclamar.
Mas como os próprios espanhóis se acostumaram a ver os protestos na Plaza del
Sol, em Madri, a repetição das imagens acabou gerando uma simpatia, uma
sensação de identificação. A imprensa esportiva espanhola, que errou a mão em
alguns comentários sobre a Copa das Confederações, foi bastante equilibrada
quando tratou da questão dos protestos.
Lince - O futebol sempre foi o carro chefe dos esportes no Brasil. O
que você acredita que deve ser feito para que modalidades como vôlei, basquete,
entre outros especializados, atinjam um nível de excelência tão forte quanto o
dos gramados?
Barreto - Não vejo chances de isso acontecer num futuro próximo, nem acho
que deva ser esse o foco de outros esportes. O futebol é dominante em muitos
países do mundo, não apenas no Brasil. Exerce esse domínio há muitos anos e
deve mantê-lo por muitos outros. O que os demais esportes precisam fazer é
encontrar seu espaço. Construir uma base sólida de torcedores, investir no
desenvolvimento de talentos, manter-se competitivo em nível internacional. Foi
a receita que o vôlei aprendeu há algum tempo, e que o basquete parece ter
esquecido.
Lince - Quem foi seu maior mestre na área profissional, e quais as
lições mais valiosas que ele te deixou?
Barreto - Seria injusto escolher um entre os muitos jornalistas que me
inspiraram e me ajudaram ao longo da minha carreira. Mas ainda pior seria fazer
uma lista e deixar alguém importante de fora. Então, para não deixar a pergunta
sem resposta, cito aqui a maravilhosa convivência que tive com Armando Nogueira
no Redação SporTV. Ele já não era mais um alto executivo da TV Globo, estava
chegando aos 80 anos exercendo sua maior paixão, falar de futebol. Mas trazia
com ele, claro, a experiência de quem tinha começado a cobrir Copas do Mundo em
1954. Era uma figura muito doce, um homem muito inteligente, um jornalista
brilhante. Faz muita falta a todos nós que convivemos com ele naquela época.
Lince - Avalie e faça um comparativo entre a imprensa europeia e a
brasileira.
Barreto - É muito difícil falar em imprensa europeia. A inglesa é muito
diferente da francesa, da italiana, da espanhola. Para ficar apenas no
jornalismo esportivo, os ingleses gostam mais de texto, nos jornais, e de
debates, nos programas de TV. Os franceses dão menos espaço ao futebol, dividem
mais a atenção com outros esportes. Espanhóis e italianos têm um jeitão mais
parecido com o brasileiro, mais apaixonado. Os jornais espanhóis se portaram
mal durante a Copa das Confederações, fazendo comentários tendenciosos para
defender sua seleção de acusações de mau comportamento fora de campo. No geral,
o que dá para dizer é que em termos de qualidade, de tecnologia, a imprensa
brasileira não deixa muito a dever a essas que citei. São características
diferentes, mas estamos num nível semelhante.
Lince - Para finalizar, deixe um recado para os estudantes de
comunicação do Centro Universitário Newton (Belo Horizonte), que pretendem
seguir seus passos na carreira.
Barreto - O que gosto de dizer a quem escolhe o jornalismo esportivo é
que nossa área não está isolada do resto do mundo. Para falar de esporte,
acabamos falando também de economia, de saúde, de direito, de política. Enfim,
ser uma Wikipédia ambulante sobre esporte pode ajudar, mas com cultura geral se
vai muito mais longe. Boa sorte a todos, nos encontramos nas coberturas!
quarta-feira, 20 de novembro de 2013
Mulher macho, sim senhor!
Antes dominado pelos
homens, ringues, tatames e octógonos abrem cada vez mais espaço para o sexo
feminino
Camila Chagas e Pâmela
Matos (4º período)
Se
você acha que lugar de mulher é na cozinha, é porque ainda não viu o desempenho
delas no tatame ou no octógono. O lugar
onde a testosterona predominava agora pode ser preenchido por uma explosão de
ovários. Para as meninas que cresceram
admirando a coragem de Maggie Fitzgerald (protagonista do filme “Menina de Ouro”),
em sua busca pelo seu lugar ao sol no mundo da luta, chegar em 2013 e
participar da principal organização de MMA do mundo, o Ultimate Fighting Championship
(UFC), pode ser considerado dever cumprido.
No
segundo evento com luta feminina, realizado em agosto, em
Las Vegas, o combate de mulheres, entre Ronda Rousey e Miesha Tate, foi
considerado o melhor da noite pelo público e pela crítica. A transmissão gerou
US$ 18 milhões só com a venda de pacotes “pay-per-view”. Infelizmente, por
enquanto, o UFC contará apenas com uma categoria, a de galos (até 61kg), o que
dificulta a entrada de mais lutadoras na competição. Mas, para quem há pouco
tempo não imaginava tops e calções cor de rosas relacionados a socos e cinturões,
já é um grande começo.
GRANDE VITÓRIA
O
interesse das mulheres pelas lutas vem crescendo ao longo dos anos, e mais
ainda o desejo de tornar o esporte uma profissão. Mas só em março deste ano
elas puderam ter a esperança de “bater” de igual aos colegas de profissão,
quando Dana White, presidente do UFC, decidiu ceder e aceitar o universo
feminino nos octógonos. Depois de acompanhar uma luta feminina entre Rousey e
Tate, ele se impressionou com a força, e beleza, delas. “Aquela foi uma luta
como se fosse entre homens; duas mulheres inacreditavelmente talentosas que
estão muito bem cercadas, e não faz mal a ninguém quando elas são bonitas
também”, disse White em vídeo gravado pela "Showtime", rede de canais
de TV por assinatura.
E,
claro, o Brasil tem uma representante. Jéssica ‘Bate-estaca’ Andrade foi a
primeira mulher a representar o país no octógono. A paranaense encarou Liz
Carmouche na primeira luta do card principal do evento. Infelizmente, para nós,
a americana levou a melhor com um nocaute técnico no segundo round do UFC on
Fox, em Seattle (EUA), mas a inserção de brasileiras na competição já pode ser
considerada uma grande vitória.
NÃO PROFISSIONAL
Mas
o sucesso das lutas entre as mulheres não é todo voltado ao esporte
profissional. Muitas desenvolveram o interesse pelas lutas como uma forma de
aliviar a tensão e o estresse do cotidiano, melhorar o condicionamento físico e
até como um exercício para perder calorias (variam de 800 até 1.200 por hora no
MMA). “Fora que aprender uns golpes e técnicas de defesa pessoal nunca fez mal
a ninguém”, afirma a estudante Ana Souza, que aos 21 anos pratica o MMA amador
há alguns meses e garante que sua saúde física e psicológica só lucrou com os
exercícios.
Mas
não é só o MMA que conquista o público feminino. Jiu jitsu, taekwondo e muay
thai também são bem populares entre as mulheres. A recepcionista Thais Vieira
pratica jiu jitsu há sete anos e afirma que o esporte trouxe muitas melhorias para
sua vida. “Eu luto desde criança, e acho que é um esporte que me motiva e me
completa. Quero continuar praticando para o meu bem-estar”, conta a jovem, que
apesar do treinamento intenso – três vezes na semana por uma hora mais ou menos
–, não vê o esporte como uma profissão e nunca se interessou em participar de
competições.
Já
Namucheta Ricardo pratica o taekwondo há oito anos e participa de competições
há quase cinco. Mas enfrenta um problema muito comum à maioria das esportistas:
patrocínio, ou melhor, a falta dele. “Competir para mim é algo extremamente
gratificante. Um sonho é poder viver apenas para treinar e competir, porém, a
falta de patrocínio não permite. Por muitas vezes já pensei em desistir das
competições, pois não é fácil viajar por Minas Gerais e pelo Brasil sem
patrocinadores, o que acaba sendo um motivo de desistência para muitos”, reclama
Namucheta, que também não acredita que a questão do sexo influencie essa falta
de investimento. “Não vejo o fato de ser
mulher como um agravante na questão dos patrocínios, infelizmente esta é uma
realidade que ambos os sexos compartilham”. Porém, essa realidade existe! O
patrocínio para mulheres é muito mais difícil e, quando conseguem, são bem
abaixo do que é dado para os homens.
MAIS TÉCNICAS
O
que mais diferencia as lutas masculinas às femininas é que a das mulheres é
caracterizada pelo domínio da técnica. Já os homens usam e abusam da força
quando estão de frente aos seus oponentes. "Os homens veem a luta como uma
forma de demonstrar sua masculinidade, seu poder como o lado forte e protetor
da equação. As mulheres são mais perfeccionistas e calculam seus movimentos, a
partir de técnicas e critérios que elas desenvolvem nos treinos”, acrescenta o
personal Sandro Moreira. “Até porque socos e rostos sangrando ainda assustam um
pouco as mulheres”, diverte-se.
Segundo
Sandro, qualquer mulher pode começar a praticar luta, mas o treinamento inicial
requer alguns cuidados específicos. “É recomendado fazer musculação, junto com
a prática da luta para evitar lesões graves e melhorar no condicionamento
físico”, orienta Sandro. E conclui que o que atrai as mulheres é manter a
academia cheirosa, limpa e organizada. “Além de tratá-las igual os homens. Isso
é primordial”, enfatiza.
Fotos: Lander Moreira (1ª e 3ª) e Josivaldo Alexandre (2ª)
Portas abertas
CPJ recebe alunos da Escola Estadual Feliciano Mendes, de Congonhas
Por Felipe Freitas e Caíque Rocha.
Na última terça-feira (19), o prédio NP4 do Centro Universitário Newton Paiva recebeu os alunos do ensino médio da Escola Estadual Feliciano Mendes, da cidade de Congonhas (MG). Fazendo uma espécie de excursão por Belo Horizonte, visitando importantes centros universitários e redes de televisão, os responsáveis pela escola vieram com o objetivo de mostrar aos jovens estudantes como funcionam os meios de comunicação mais conhecidos e colocá-los em contato com o dia a dia da profissão.
Passando pelos estúdios de TV, rádio e jornal impresso (CPJ), além da agência de publicidade (Massan-Z) e demais laboratórios de comunicação da Newton, os quase 30 jovens de 13 a 18 anos tiveram a oportunidade de ver de perto o trabalho realizado pelos estagiários e coordenadores.
Jean Amorim, um dos professores presentes na visita, destacou que “a visita proporcionou que os estudantes fizessem a associação entre a parte teórica (aprendizado em sala de aula), com a parte prática (conhecimento com vários laboratórios e conversas com os alunos do curso de graduação Publicidade e Propaganda e Jornalismo). Esse tipo de ação diminui a distância para o conhecimento e auxilia os alunos na escolha da profissão”.
Foi a quarta escola que o curso de Comunicação da Newton recebeu neste semestre, a primeira de fora de Belo Horizonte. Antes, estiveram conosco o Educandário e Creche Menino Jesus, a Escola Estadual Santos Anjos e o Colégio Pampulha, todos da capital mineira.
Por Felipe Freitas e Caíque Rocha.
Na última terça-feira (19), o prédio NP4 do Centro Universitário Newton Paiva recebeu os alunos do ensino médio da Escola Estadual Feliciano Mendes, da cidade de Congonhas (MG). Fazendo uma espécie de excursão por Belo Horizonte, visitando importantes centros universitários e redes de televisão, os responsáveis pela escola vieram com o objetivo de mostrar aos jovens estudantes como funcionam os meios de comunicação mais conhecidos e colocá-los em contato com o dia a dia da profissão.
Passando pelos estúdios de TV, rádio e jornal impresso (CPJ), além da agência de publicidade (Massan-Z) e demais laboratórios de comunicação da Newton, os quase 30 jovens de 13 a 18 anos tiveram a oportunidade de ver de perto o trabalho realizado pelos estagiários e coordenadores.
Jean Amorim, um dos professores presentes na visita, destacou que “a visita proporcionou que os estudantes fizessem a associação entre a parte teórica (aprendizado em sala de aula), com a parte prática (conhecimento com vários laboratórios e conversas com os alunos do curso de graduação Publicidade e Propaganda e Jornalismo). Esse tipo de ação diminui a distância para o conhecimento e auxilia os alunos na escolha da profissão”.
Foi a quarta escola que o curso de Comunicação da Newton recebeu neste semestre, a primeira de fora de Belo Horizonte. Antes, estiveram conosco o Educandário e Creche Menino Jesus, a Escola Estadual Santos Anjos e o Colégio Pampulha, todos da capital mineira.
Confira algumas fotos da visita (para ver o álbum completo, acesse o facebook da CPJ):
segunda-feira, 18 de novembro de 2013
Uma ideia na cabeça, uma câmera na mão e...
Nasce um cineasta em ponto de bala! O sonho de seguir
carreira no cinema, os projetos e as dificuldades de um jornalista mineiro
das veredas do grande sertão
Raphael Gouvêa (2º Período) para a edição 56 do Jornal Lince (outubro de 2013).
Mineiro de fala mansa e gestos mais calmos ainda, foi em
2007 que, aos 18 anos, Marco Antônio Pereira deixou Cordisburgo e veio para
Belo Horizonte, onde trabalha hoje como diretor de videoclipes e publicidade.
Chegando a Belo Horizonte, foi logo a um dos cinemas mais tradicionais da
cidade e assistiu um projeto que se exibia aos sábados, e que se chamava
“Imagem Pensamento”.
— Lembro como se
fosse hoje: a sala escura, as pessoas, o clima frio por causa do ar
condicionado e o vídeo... Aquilo tudo confundia muito minha cabeça. Mas, dos
pensamentos confusos que eu tinha, eu só conseguia destacar um: “Eu preciso
fazer um filme! Eu nasci pra fazer isso!”.
“Nóis Tudo”
Marco Antônio não perdeu tempo. Logo após o seu primeiro fim de semana
em Belo Horizonte, já iniciava as aulas no curso de Jornalismo na Newton. Afinal,
era profissão que ele sonhava seguir desde criança, ainda cursando o ensino
médio. No decorrer do curso, Marco Antônio teve uma visão ainda mais complexa
do Jornalismo, que lhe serviria muito mais do que ele imaginava a princípio.
Em busca de realizar o sonho de ir para o cinema, correu cada vez mais
atrás de seus objetivos. Encontrou em Léo Santos um mestre que o ensinou muito
sobre o assunto e o ajudou com o empréstimo de equipamentos que ele precisaria para
desenvolver seu projeto. Com essa ajuda, Marco procurou um curso específico dentro
da área e se formou na Escola Livre de Cinema, no final de 2008. Depois de
formado, dirigiu seu primeiro filme, que na verdade era uma espécie de
documentário chamado “A arte é de nóis tudo”. Esse documentário chegou a ser
exibido em Brasília e na Alemanha.
“Nós e o Horizonte”
Mesmo durante o curso de jornalismo, que levou de maneira muito
peculiar, Marco Antônio sempre teve a cabeça voltada para o cinema. Não era, certamente,
um aluno exemplar, mas era “diferenciado”, como bem definia uma de suas
professoras, Juniele Rabêlo. José Maria Souza Neto, o Zé Neto, outro aluno de
jornalismo que também incursionava pelo cinema, era um apoio constante.
Após concluir o curso de jornalismo, Marco Antônio dirigiu um longa
metragem chamado “Sobre Nós e o Horizonte”, um filme em que fala sobre a importância das pequenas
coisas. Sem financiamento, contando apenas com a ajuda dos amigos e com muita
criatividade para reverter a falta de grana, ele conseguiu transformar “Sobre
Nós e o Horizonte” em uma experiência única. Por isso, a exibição do filme se
transformou em um momento mágico.
— Um fato marcante
nessa minha relação com cinema foi exibir o “Sobre Nós e o Horizonte” na sala
Humberto Mauro, no Palácio das Artes. Foi uma sessão muito marcante. A sala
estava lotada, as pessoas se emocionando...
“Eu fiquei refletindo que foi um milagre ter conseguido terminar o filme
e lançar o longa, no mesmo cinema em, que há cinco anos, eu estava deslumbrado
em ver a telona pela primeira vez”, conta Marco Antônio, sempre destacando que
essa foi, de fato, “uma experiência fascinante”.
— Acho que ninguém ali na sala conseguiria entender o que se passava no
meu interior.
Atualmente, aos 26 anos, Marco está terminando as gravações de uma
websérie, que conta com a participação de vários atores consagrados no cenário
belo-horizontino. Entre eles, Guilherme Colina, Fernando Veríssimo e Márcia
Moreira.
E o jornalismo? Atualmente, ele trabalha como jornalista na comunicação
interna em uma multinacional brasileira, e diz que até pretende continuar na
área, mas que ninguém se engane: o jornalismo será apenas uma ferramenta a mais
para desenvolver seus novos trabalhos no cinema.
Fotos: Arquivo Pessoal
sexta-feira, 15 de novembro de 2013
A gente não quer só comida...
A gente quer comida, diversão e arte, mas na região Noroeste fica
difícil, pois quase não há investimentos e quem mais sofre com isso são os
jovens
Rayza Kamke e Rodolpho Victor (4º e 2º períodos) para a edição 56 do Jornal Lince (outubro de 2013).
Entre
as diversas regiões que compõem o município de Belo Horizonte, a Noroeste, que
engloba os bairros do Caiçara, Pedro II, Aparecida, Adelaide, Ermelinda, Nova
Esperança e Santo André, entre outros, é a mais populosa e representa 11,2% dos
jovens na faixa etária de 15 a 29 anos, entre os 632 mil que fazem parte da
população da cidade, hoje de aproximadamente 2.375.444 habitantes. Apesar da
densidade populacional, trata-se de uma região de grandes desigualdades, em que
os jovens das comunidades carentes se veem ainda mais prejudicados pelos poucos
recursos que possuem para se incluírem nas pequenas opções.
A
região tem um número muito grande escolas e um parque (Parque do Caiçara), mas
quase nada em função do lazer e do esporte. Uma das poucas opções para os
jovens ainda é o Shopping Del Rey, onde nada é de graça. Na área cultural,
quase nenhum investimento. A região Noroeste é um espelho do que, a exceção da
região Centro Sul, acontece em todas as demais. A psicóloga Sylvia Flores
explica que o lazer bem executado, planejado e saudável é imprescindível para o
equilíbrio emocional. De acordo com ela, se não houver momentos de lazer ou
prazer, o ser humano acaba entrando em um processo de stress profundo, que pode
gerar doenças psicossomáticas, ou simplesmente psíquicas, como agressividade
exagerada ou impulsividade. “É necessário ter prazer para podermos ter um
equilíbrio entre a vida cotidiana, do trabalho, dos estudos, e um bem-estar
psicológico”, afirma.
Já
o sociólogo Carlos Magalhães comenta que, mais do que uma forma de lazer, as
atividades que envolvam arte e cultura são itens indispensáveis para a
construção da identidade dos jovens, ainda mais em uma sociedade desigual,
injusta e preconceituosa. Carlos salienta que os jovens necessitam de acessos
mais fáceis a todos os tipos de expressão cultural e artística, até mesmo para
a criação de suas personalidades. “O acesso a esses meios deveria ser
facilitado de modo que os jovens pobres pudessem encontrar seu lugar no mundo
de hoje, além das fronteiras simbólicas e materiais que estão colocadas”, explica.
Propostas oficiais
Belo
Horizonte foi a primeira cidade brasileira a criar um Conselho Municipal da
Juventude, decretado por lei em 1998 (lei 7551/98). O Conselho determina a
finalidade de estudar, elaborar, discutir, aprovar e propor políticas públicas
que permitam e garantam a integração e a participação do jovem na sociedade. Já
a Coordenadoria Municipal da Juventude, por sua vez, visa promover a interlocução,
o acompanhamento e a proposição de ações e políticas voltadas aos jovens
belo-horizontinos. Após um período de inatividade, desde 2005, ambos voltaram a
trabalhar neste ano, e juntos desenvolvem várias ações específicas voltadas ao
público jovem.
O
gerente da Coordenadoria da Juventude, Gelson Antônio Leite, informou ao Lince
as propostas e projetos que a Prefeitura de Belo Horizonte oferece aos jovens
da capital. Entre as novidades, se destaca o “Centro de Referência da
Juventude”, que será um equipamento destinado aos jovens e terá sua inauguração
prevista em maio de 2014. O Centro, que pretende atender de 500 a 800 jovens
por dia, ainda constrói a proposta de projetos, mas proporcionará aos belo-horizontinos
cursos profissionalizantes e ofertas de emprego, teatro de arena, estúdio de
gravação musical, e até uma biblioteca digital e interativa.
Para
as regiões carentes são idealizados os chamados “Fóruns Juvenis”, onde serão
escolhidos locais de maior vulnerabilidade juvenil. A ação será realizada aos
sábados, e levará aos jovens carentes as informações sobre o que a Prefeitura
propõe. Um novo projeto também será inaugurado neste semestre, no Barreiro. O
espaço revitalizado e reformado da antiga FEBEM se torna hoje o “Point
Barreiro”, onde será realizada a “Estação Juventude”, local de atendimento e
execução de oficinas, atendimentos aos jovens, e cadastramento aos programas da
prefeitura. “Pretendemos expandir o “Estação Juventude” para todas as
regionais”, completou Gelson. A respeito da falta de interatividade dos jovens
nos programas ligados a Prefeitura, Gelson acredita que o acesso à informação e
o descredito político podem interferir no interesse dos menores cidadãos.
Grêmio Mineiro
O
clube de futebol Grêmio Mineiro, no Santo André, é presidido pelo ex-policial
civil Wallace da Silva Araújo, e o aposentado Renato Adelino de Almeida. O clube,
fundando em 1947, sobrevive graças ao esforço da comunidade. Da doação de bolas
e equipamentos a uma máquina de lavar roupas e sofás para a sede, todo o
projeto é movido pelo empenho dos presidentes e pela força da sociedade. Apenas
para a manutenção de água e luz é cobrada uma taxa de R$ 60/hora para o aluguel
do campo da agremiação.
Entre
as atividades realizadas pelo clube, a escolinha de futebol é a principal, mas
Wallace destaca que, na maioria das vezes, falta interesse das crianças. Reeleito
para a presidência, desde 2010, ele e o amigo Renato afirmam que, muitas vezes,
fazem papel de assistente social para os jovens mais agressivos ou
necessitados. O motivo principal da escolinha é controlar os problemas que atingem
os jovens da comunidade — a violência e o envolvimento com drogas.“O problema
de falta de lazer é relativo, falta interesse”, afirma Wallace.
O
presidente, às vezes, abre mão do aluguel da quadra, promove lanches comunitários
e, ainda assim, não atrai a atenção dos jovens do Santo André. Em relação aos
pais, Wallace observa que é pouca a presença de estímulo vindo dos mesmos, já
que em reuniões propostas pelos presidentes do clube, apenas alguns se
apresentam e têm consciência da vida ativa de seus filhos. “É preocupante, mas
fazemos tudo o que podemos fazer”, lamenta.
Atleta Cidadão
O
projeto renomeado “Atleta Cidadão” funciona desde 2005 e é administrado por
José Santana, diretor de esportes e formação de atletas do clube Vila Nova, e
atende jovens entre 11 e 16 anos de idade. Os treinos são de segunda a quinta,
sendo terça e quinta para os mais novos, e segunda e quarta para os maiores.
Mesmo sendo novo, o clube já participou de torneios como a “Taça BH”, “Copa
Criança Esperança”, entre outras competições.
Os
treinos, que são realizados em um campo colado ao Cemitério da Paz, são ainda
esperança aos jovens que o frequentam, já que levaram Rafael Vítor, de 20 anos,
para a categoria de base do Atlético-MG — hoje, ele é um dos destaques do
Tupi-MG. Para participar do projeto basta contribuir com R$ 10 para a compra de
bolas e redes. Mas, é imprescindível que o jovem seja frequente e tenha bom aproveitamento
escolar. É bom ficar sabendo que os dados são passados diretamente das escolas
ao treinador Santana — “a melhor herança para uma criança é a educação”,
emociona-se.
O consumo e o lazer
As
alternativas no Shopping Del Rey giram em torno de R$ 79 a R$ 90. Para os
carentes, as opções, às vezes, são quase inacessíveis. Felipe dos Santos
Fernandes, 18, estudante e morador do Caiçara, admite que a melhor escolha é a
quadra de futebol, na Praça da Rosinha, na rua Rosinha Sigaud. Felipe, que vai
diariamente se encontrar e jogar pelada com os amigos, diz que é grande o
movimento de crianças e adolescentes, principalmente à noite. Lanchar com a
turma na praça de alimentação do Del Rey também é uma opção, se sobra alguma
grana — é que os lanches podem variar de R$ 15 a R$ 25!
Fernando
Medeiros, psicólogo, confirma a falta de opções de lazer para o filho de 12
anos. Por isso, a opção é sair da rotina. “Levo meu filho e os amigos na Serra
do Cipó, para andar de bicicleta e também jogar bola na pracinha”. Já para os
menores João André Alves Santos, Gabriel Rabelo Couto e Emerson Lima,
estudantes do 5º ano da escola Dimensão, é unanime a escolha pelas reuniões em
casa dos amigos, onde costumam estudar, jogar futebol ou vídeo game.
Joseanne
Santos e a amiga Priscila Gonçalves, 16, moradoras do Santo André, optam por um
cinema, ou até mesmo se reunir com amigos em casa. Para elas, as garotas da
região sofrem ainda mais que os meninos. “São poucas as opções; às vezes,
decidimos ir a um shopping diferente, mas o Del Rey costuma ser o de mais
frequência”, disse Joseanne, que costuma fazer um “cinema em casa” quando está
sem dinheiro. O preço do cinema na região noroeste varia de R$ 9 a R$ 24, dependendo
dos dias da semana, horários, e salas 3D.
Marcos
Vinicius de Freitas Silva, de 13 anos, e Cleber Eduardo Meirelles, 14, alunos
do 7º ano, moram na Nova Esperança e participam do projeto Atleta Cidadão. Eles
fazem do futebol seu passatempo principal. Além do futebol, costumam ir algumas
vezes ao inevitável Shopping Del Rey quando o parque de diversões Play City
passa uma temporada por lá. Outra opção é o Boliche. Mas, aí, só quando recebem
mesada dos pais. O Boliche se diferencia pelos dias da semana e horário, mas
fica em torno de R$ 48,60 a R$79,20/hora. O bom é que dá pra fazer uma
vaquinha: a pista pode ser dividida em até seis jogadores.
Fotos: Rafael Martins
quarta-feira, 13 de novembro de 2013
Tiara Transparente
Roger Leon (2º período) para a edição 56 do Jornal Lince (outubro de 2013).
Nunca imaginei ter um irmão. Já fiz dezoito anos e
apesar de meus pais serem jovens, nunca me passou pela cabeça ter outra pessoa
morando em nossa casa. Brinquedos espalhados no chão, televisão ligada em
desenhos animados, nada disso. Eis que escuto um grito no banheiro, corro até
lá e minha mãe me mostra sem nem mesmo acreditar, um exame de gravidez. E o
resultado: positivo.
Acompanhar a gestação foi a coisa mais gostosa;
comprar tudo o que via pela frente, satisfazer todas as vontades da minha mãe (a
grávida em questão), e lotar o médico de perguntas bobas foram algumas delas.
Como toda família acredita no esotérico, fizemos o cálculo da lua para
descobrir o sexo do bebê, sendo que o tal cálculo não dá errado com ninguém.
Iríamos ter um menino em casa. Tudo ficou azul; paredes, roupas, brinquedos,
berço e até o nome já estava definido: Rafael. Rafael ia ser cruzeirense, jogar
videogame, assistir Ben 10 e ter todos os carrinhos e bonecos da loja (já tinha
alguns inclusive). Chega o dia do ultrassom, em que o resultado já era mais do
que uma certeza para todo mundo, e o doutor nos manda a bomba:
— Parabéns, você vai ter uma menina.
Todo mundo ficou feliz por ser uma menina, que, com
certeza, seria mimada ao extremo. Centenas de roupas foram às lojas para serem
trocadas. Começaram a chover sapatos femininos de presente sendo que, uma
semana depois do resultado, duas gavetas já estavam cheias de sapatos e um
guarda-roupa cheinho de vestidos. Não escondo que fiquei um pouco decepcionado.
Como já havia traçado tantos planos, não gostei de ser contrariado — acho que
esse é o efeito de ser mimado demais por dezoito anos consecutivos...
No dia 8 de agosto de 2013, às 21h33, nasceu
Isabella. Eu assisti o parto. Fui a primeira pessoa a pegá-la no colo, coloquei
uma tiara rosa na cabeça dela para que ela não fosse trocada e por medo de não
reconhecê-la da próxima vez que fosse vê-la. Nessa hora, pensei: ''E se fosse
menino, como eu iria fazer para marcá-lo? Não colocaria nele uma tiara nem que
fosse azul'‘. Só depois pude perceber o quanto foi desnecessária aquela atitude.
Afinal, só depois de ver aquele rostinho redondo e branquelo, foi que eu
percebi que, no meio de cem crianças, eu reconheceria minha irmã de longe,
mesmo que a tiara fosse transparente. Até porque, não se perde de vista tão facilmente
a coisa mais importante que te aconteceu na vida.
Fotos: Roger Leon
Fotos: Roger Leon
segunda-feira, 11 de novembro de 2013
A vida pinta o sete nessa praça
Coração
de Belo Horizonte, praça mais famosa da capital, palco onde a vida é sempre
mais ativa que a morte
Rafael Martins (4º Período) para a edição 56 do Jornal Lince (outubro de 2013).
Ponto de encontro. Reunião de cidadãos. Um lugar público, cercado de
edifícios; conjunto das instituições comerciais e financeiras de uma cidade. Na
verdade, seu coração. Pode-se definir também como espaço urbano livre de
edificações, que proporciona convivência ou recreação aos cidadãos. Em Belo
Horizonte, só uma praça reúne todas as características acima e ainda adiciona
outras. Claro, estamos falando da Praça Sete, onde, torto, maltratado, mas,
mais vivo do que nunca, palpita o coração da capital mineira.
Ponto
de interseção de duas grandes avenidas da cidade — Amazonas e Afonso Pena —,
com o nome original de Praça 14 de outubro (data referente a uma comissão que
fazia estudos para instalação da nova capital), só em 1922, teve seu nome alterado para Praça Sete de
Setembro, nas comemorações do centenário da Independência
do Brasil. Um dos seus símbolos é o “Pirulito”, presente dos
moradores da cidade vizinha Betim, em torno do qual gira outra face importante:
a diversidade. Marco zero para encontros de manifestações políticas e
comemorações de títulos dos clubes da cidade, a praça é de todo mundo e não é
de ninguém. Ou, como já dizia um antigo compositor baiano, é do povo, como o
céu é do avião.
CAFÉ COM POLÍTICA
Em
1963, a praça foi desfigurada, com a retirada do tradicional pirulito, que
ficou até 1980 na Savassi. Hoje, no entorno dele, há importantes imóveis que
contam a história de Belo Horizonte — o Cine Teatro Brasil, o antigo edifício
do BEMGE (hoje, Posto de Serviço Integrado Urbano - PSIU) e até o famoso Café
Nice, um dos redutos da praça, parada obrigatória de políticos em tempos de
eleição. O café recebeu visitantes famosos, dos ex-presidentes Juscelino Kubitscheck,
Tancredo Neves e Itamar Franco à cantora Emilinha Borba, estrela maior da Rádio
Nacional, que lá passaram para tomar o famoso cafezinho e fazer média com o
povo. Até uma de suas garçonetes, Ana Paschoal, se elegeu vereadora da capital
mineira, em 1964. José Murta, aposentado com seus 87 anos bem vividos,
frequenta o local há mais de três décadas.
— O
lugar é ótimo, o estabelecimento mudou pra melhor e o café continua gostoso.
O
curioso é que muitos aposentados se reúnem na porta do Café Nice para conversar
e comercializar objetos pessoais e engraxar os sapatos. Aliás, os engraxates
são outra presença marcante na praça, junto com os idosos, que, em um de seus
quarteirões fechados, se reúnem para jogar damas. No meio da correria do centro,
alguns ainda encontram paciência para jogar e, às vezes, nem percebem que o
Café Nice agora fecha mais cedo. Por causa da violência.
O SOL E A SOMBRA
Que atire
a primeira pedra o belo-horizontino que nunca ouviu os gritos de “Foto na hora,
foto”; “Compro e vendo ouro e prata”; “Dentista!”; “Celular, compro, troco,
acessórios” ao passar pelo quarteirão fechado das ruas Espírito Santo, Rio de
Janeiro e Carijós. Margarete Aparecida, 50, trabalha no local há dois anos,
desde que o marido a abandonou. Forçada a buscar emprego, mas com dificuldades,
devido à idade, arrumou o de “ambulante”. Sua função é conseguir vendedores e
compradores de ouro. Segundo ela, se ficar o dia inteiro na praça, dá pra tirar
uma boa renda.
— O salário
é fixo e não por comissão ao levar fregueses.
Margarete
vai logo avisando que não fica o dia todo gritando. Primeiro, por não aguentar;
e também “para não avacalhar uma loja de calçados da vizinhança”. E diz que nem
o sol forte a incomoda.
— Eu
adoro sol: mas, se uma hora o sol incomodar, vou pra onde tem sombra — conclui
bem humorada.
TRIBOS E COMÉRCIO
O
comércio na região é variado. Há uma diversidade enorme, que vai de lojas de calçados
a pastelarias, restaurantes, fast food, farmácias, sebos, livrarias, passando
por ambulantes que se misturam aos hippies e, mais recentemente, aos índios que
hoje tomaram conta da praça para vender seu artesanato. O índio Taruãde, 23, da
tribo Pataxó, saiu de Porto Seguro (Bahia) para vender as especialidades de sua
terra aos mineiros e conseguir a fonte de renda para a aldeia Coroa Vermelha,
onde vive.
— Na
baixa temporada de Porto Seguro, nós viajamos para outras cidades e os mineiros
compram nossas pulseiras, farinheiras, colares.
Vários
estabelecimentos bancários funcionam no entorno da praça, onde fica também uma
das galerias mais antigas e movimentadas da cidade, a Galeria Praça Sete,
reduto das lojas que vendem discos e acessórios de rock e recebe grande
afluência de jovens. Complementando a confusão, lojas de produtos evangélicos,
motéis, o famoso Fórmula 1, loterias, estátuas vivas, bancas de revista,
skatistas e desempregados se encarregam de botar mais lenha na fogueira, ou
seja, de incrementar o movimento.
HIPPIE SÓ NO NOME
A
agitação da principal praça mineira só parece não incomodar os hippies e seus
fregueses que param para comprar colares e trançar os cabelos. Quem olha de
fora pode até achar estranho, sem valor, mas para o hippie e artesão Edson
Freitas Assis, eles estão “no ápice da transição do artesanato em Belo
Horizonte”.
—
Não estamos conseguindo expor nossas artes, já que não podemos expor na Feira
Hippie, que de hippie só tem o nome...
Outro
que parece não se incomodar com a agitação é o professor de matemática Willian
Barbosa, que montou um quadro e ensina cálculos para quem tiver tempo de parar
e aprender — é tudo de graça! Nem aos domingos, quando há calmaria no trânsito
de pessoas e carros, por ser um dia mais tranquilo, a praça fica parada. O
movimento Black Soul se reúne para dançar e mostrar seus passos, sua música e sua
moda, cheia de cores e de vida.
No
meio de tanta coisa boa, há pessoas que tentam desmoralizar a aparentemente
caótica harmonia da praça. Há vendedores e consumidores de drogas, outros que vendem
armas e, por ser um local de muita movimentação, há furtos. A segurança é feita
por vários militares e guardas municipais, mas nem as câmeras conseguem inibir
a criminalidade. E assim segue batendo o coração da cidade. Se as câmeras não
inibem o crime, também não inibem a vida. Mais teimoso do que nunca, o coração
da cidade não tem tempo de temer a morte.
Fotos: Rafael Martins
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