João Paulo
Freitas
Em partida válida pela
primeira rodada da Taça Libertadores da América, entre Real Garcilaso e
Cruzeiro, no estádio de Huancayo (Cuzco – Peru), uma atitude que, já não é
surpresa para muitos, volta a acontecer de uma forma mais violenta e
direcionada possível. O atleta Paulo César Tinga, do Cruzeiro, foi o alvo
principal de insultos sem nexo e de uma imbecilidade impressionante. Pela
primeira vez em muitos anos que deixo de assistir a uma partida, não por
incompetência técnica, mas por um conjunto organizado de animais na
arquibancada. Sim, os verdadeiros animais.
Como se já não bastasse eu sentir vergonha neste
momento em ser brasileiro, por tantos motivos cotidianos, na noite de ontem me
senti envergonhado por ser sul americano. Europeus também fazem aos montes em
seus respectivos campeonatos, porém copiar insultos é a forma mais profunda da
burrice — ou eles acham que é “chic”?! Macacos são muito mais inteligentes que
os torcedores peruanos que fizeram aqueles atos contra o atleta. O problema não
é o animal, mas a intenção pejorativa e abominável. Imaginem só perguntarem a
um macaco o que eles achariam de serem comparados a um ser humano? No mínimo
enlouqueceriam!
Juro que quando a câmera apontou para as arquibancadas
me senti assistindo àqueles filmes romanos, onde gladiadores lutavam contra
leões, e a torcida ia à loucura com a violência. Pão e circo generalizado. Porém,
neste caso, quem fazia a barbárie eram os espectadores. No mundo moderno, na noite fatídica, ouvimos sons e imagens em alta definição, de uma sociedade pobre em recursos
materiais e, principalmente, em espírito. Que isso possa servir de lição para o
resto do planeta que o racismo não passa de um produto criado em péssima
qualidade que tende a não perecer, caso os pensamentos não mudem.
“Se pudesse não ganhar mais
nada, trocaria todos os meus títulos pela igualdade em todas as áreas”.
Paulo César Tinga
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