Mercado
das cervejas artesanais cresce cerca de 20% ao ano, atraindo cada vez mais
novos admiradores.
Armando Giaquinto (3º
Período), para a edição 54 do Jornal Lince.
A cerveja é a segunda
bebida mais consumida no mundo, e está presente em nossas vidas desde a antiguidade.
Os primeiros registros de sua existência situam-se na Mesopotâmia, antiga
Suméria, por volta de quatro mil antes de Cristo. A primeira regulamentação do
comércio de cerveja ocorreu em torno de 1.750 A.C, e, mais tarde,
acrescentou-se à sua composição o lúpulo, ingrediente que a tornou uma bebida
nos padrões atuais de consumo.
A famosa loura gelada é um
produto de longa tradição também no Brasil. Porém, sua ascensão foi vagarosa,
pois no início do século XIX, o vinho e a cachaça eram preferidos pela
população. Mesmo assim, nessa época, a cerveja já era comercializada, apesar de
que seu consumo ainda não era generalizado. Com o passar do tempo, a demanda
aumentou e, em 1836, surgiu a primeira notícia de sua fabricação no Brasil, e
desde então, tornou-se paixão nacional.
Qualidade
Especial
Atualmente, existem várias
microcervejarias espalhadas em nosso país, e uma das mais reconhecidas e
refinadas está localizada em Minas Gerais. Fundada em 2004, a Falke Bier é uma
cervejaria familiar, que tem como objetivo produzir cervejas artesanais com
qualidade, história e personalidade. A empresa nasceu da iniciativa dos irmãos
Marco Antonio, Juliana e Ronaldo Falcone, que abandonaram suas atividades e
investiram em um projeto que buscava qualidade de vida. “O nosso objetivo era
produzir a cerveja de maneira que ela se tornasse uma paixão, e não somente um
produto”, ressalta Marco Falcone.
A Falke Bier possui
cervejas mais do que especiais. A Monasterium e a Vivre pour Vivre, bebidas da
marca, são famosas não só pelo sabor, mas também pela maneira de preparo. A
Monasterium, por exemplo, é vencedora do prêmio Award 2008 como produto
inovador, e leva até seis meses para ficar pronta. “O processo é bem meticuloso.
Ela é refermentada na garrada e maturada em uma adega subterrânea climatizada,
acústica e ao som do canto gregoriano”, explica Falcone.
Já a Vivre pour Vivre, é
feita com uma fruta brasileira, a jabuticaba. Marco Falcone afirma que ela é a
única cerveja no mundo que leva três anos para chegar à mesa do consumidor. Por
isso, são produzidas apenas 600 garrafas por ano. “Eu queria fazer uma cerveja
com a cara do Brasil, e ao mesmo tempo inédita. Então, utilizei a jabuticaba
como ingrediente. Ficou fantástico!”, afirma.
Wellington Rodrigues, 43,
biólogo, é um grande admirador da cerveja Falke, e sempre que pode, vai com os
amigos degustar a bebida que, segundo ele, é especial. “Ela é diferenciada. Resgata
valores, sabores e aromas que não são encontrados em outras marcas, devido ao
processo de industrialização das mesmas. Por sua fabricação ser à base de
produtos naturais e sem a adição de conservantes, a Falke produz cervejas
especiais e saudáveis, ricas em vitaminas do complexo B”, relata Wellington.
Mas, Fabrício Mendes, 25,
universitário, reclama dos preços das bebidas da marca, que, segundo ele, podem
chegar a incríveis R$ 200 por garrafa. “Eu adoro beber as cervejas da Falke,
mas, infelizmente, não é sempre que posso comprar, pois, por serem artesanais e
terem um processo especial de preparação, o preço acaba aumentando”, lamenta o rapaz.
Artesanal
vs Industrializada
Segundo Falcone, o lema
“beber menos, mas beber melhor”, traduz intensamente a diferença entre as
bebidas. Ele afirma que a cerveja artesanal não está ligada somente ao fato de
beber, mas também ao gourmet. “A qualidade é bem maior, e quem busca degustar
uma cerveja especial não quer ficar bêbado, mas sim sentir seu verdadeiro sabor
e também a qualidade diferenciada”, diz.
De fato, as cervejas
artesanais possuem um valor de comercialização mais alto do que as industriais,
mas, para Marco Falcone, isso não é nenhum obstáculo. “O fato de ser mais caro
acaba gerando certo desconforto em algumas pessoas, mas quem bebe uma cerveja
especial, estará consumindo um produto de altíssima qualidade e também muito
mais saboroso”, afirma.
A jornalista Emiliana
Bicalho ganhou de presente uma garrafa da Falke e afirma que gostou, mas não
abre mão das industrializadas. “Gosto da pilsen, que não é tão encorpada, mas
acho que, no inverno dá pra variar beber outro tipo de cerveja, variar, porque
não é todo mundo que gosta de vinho”. Certamente, seja ela artesanal ou
industrializada, conhecida como lourinha, gelada, breja, cerva ou tchela, a
cerveja sempre terá lugar especial no paladar dos brasileiros.
Fotos: Armando Giaquinto
Fotos: Armando Giaquinto