O jornalista Júlio Cesar
Santos fala sobre o seu trabalho em palestra para o curso de jornalismo da
Newton Paiva.
Felipe Freitas
Frederico Vieira e
Caíque Rocha
Um
cineminha à noite? Um encontro com amigos? Ou, quem sabe, apenas um programa em
família... Para o jornalista Júlio César Santos, repórter noturno da Rede
Record Minas, isso é quase impossível. De domingo a quinta-feira, Júlio cumpre
uma jornada de trabalho em um dos horários mais ingratos: das 22h às seis da
manhã.
Na
noite da última quinta-feira (7), às 19 horas, no estúdio de TV do NP4, ele foi
o convidado especial do projeto “Sala de Imprensa”, que tem o objetivo de abrir
para os alunos do curso de jornalismo (e agora também de Relações Públicas e de
Publicidade e Propaganda) a oportunidade de trocar experiências com
profissionais de sucesso no mercado. Em sua palestra, que foi mais um
bate-papo, ele falou sobre cobertura policial, censura, segurança pública e da
queda da exigência do diploma para os jornalistas, entre outros temas.
Júlio César respondendo aos questionamentos dos alunos no "Sala de Imprensa".
(Foto: Rafael Martins/CPJ)
A ESCOLHA
Sempre
solícito e simpático, Júlio respondeu todas as perguntas e se deteve em sua
experiência principal: as dificuldades de se trabalhar no período noturno,
lembrando que esta não foi uma escolha sua, e sim uma posição da emissora. “Mas, de qualquer maneira”,
ressaltou, “o fato de ter sido escolhido mostra que havia confiança no meu
trabalho”.
—
Já
faz dois anos que faço esse trabalho e vou continuar até quando a direção da
emissora pretender, pois através do perfil de cada um a editoria escolheu quem
vai trabalhar em determinado horário.
Como
era de se esperar, as dificuldades no trabalho da madrugada foi o tema que
dominou o encontro. E não são poucas.
— Primeiramente, o sono. Você olha para sua
cama, vê sua família deitada vendo televisão e pensa: tenho que ir trabalhar.
Esse é um fator que pesa. Na época do frio, também é muito difícil. Existem as
dificuldades de orientação, pois na madrugada somos muito sozinhos, não temos o
apoio que, por exemplo, as equipes de manhã tem —, conta, referindo-se à falta
das equipes de apoio.
COISAS
INUSITADAS
Para quem trabalha na noite, acontecem com
frequência. Para ele, não são nenhuma novidade.
— Sempre ocorre de termos que gravar em
locais onde o silêncio prevalece na madruga. Ao acender as luzes e começar a
gravar, algum morador se sente incomodado e começa a xingar. É algo inusitado e
até constrangedor —, diz.
Ao ser questionado sobre os riscos que o
horário noturno apresenta, Júlio lembrou que o que vale mais não deve ser uma
matéria, mas a vida de uma pessoa. Do repórter e sua equipe, no caso.
— Uma matéria de três minutos não paga uma
vida. Às vezes, não somos capacitados, mas, se deparamos com alguma situação,
temos que ajudar. Nosso trabalho não sobrepõe uma vida.
Ao final da palestra, Júlio disse sair
satisfeito com a experiência. ”Essa experiência foi boa, saio daqui com uma
bagagem legal. É bom ver o que esses estudantes esperam do jornalismo, e o que
eles planejam. É bacana essa troca de ideias que vão agregar até mesmo na minha
carreira. Saio daqui melhor do que quando entrei”.
Casa cheia.
(Foto: Rafael Martins/CPJ)
PRIMEIRO
CONTATO
Alunos do 1º período também foram
entrevistados, e manifestaram uma satisfação muito grande com o “primeiro
contato” com um profissional da área. O aluno Rafael Gouveia disse que
palestras como a de Júlio César Santos trazem uma base para os novatos que
estão chegando agora. “É uma oportunidade de entender como é o cotidiano do
jornalista, quais são as dificuldades e as facilidades que o trabalho
comunicativo apresenta”, disse.
Lucas Geraldo Ferreira, também aluno de
Jornalismo, mostrou o seu entusiasmo com a entrevista e disse que atividades
como o “Sala de Imprensa” trazem ao aluno um incentivo para continuar a
trajetória dentro do curso, e podem ajudar no prosseguimento de uma futura
carreira. “Isso servirá de base para que possamos ser profissionais melhores,
preparados para o que possa vir no futuro”, completou. Se teriam dificuldade
para trabalhar na madrugada? A resposta foi única: não é exatamente o que iriam querer, mas aceitariam a proposta caso uma oportunidade desta
aparecesse em uma grande emissora.
Já Júnior Loredo, estudante de Direito,
disse que só agora pode fazer o curso que sempre desejou: jornalismo. Disse que
a palestra foi boa para o aprendizado, que apresentou características
importantes da profissão e reforçou a ideia de que este é o curso de sua
preferência. Júnior manifestou o seu desejo de trabalhar na editoria de polícia,
assim como o entrevistado. E, se tivesse que ir para o interior, assim como
Júlio César Santos? “Não teria muita dificuldade. Já trabalhei fora, e acho que
temos que agarrar todas as oportunidades que aparecerem dentro da profissão”,
afirmou.
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