quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Bebida de luxo

Mercado das cervejas artesanais cresce cerca de 20% ao ano, atraindo cada vez mais novos admiradores.

Armando Giaquinto (3º Período), para a edição 54 do Jornal Lince.



A cerveja é a segunda bebida mais consumida no mundo, e está presente em nossas vidas desde a antiguidade. Os primeiros registros de sua existência situam-se na Mesopotâmia, antiga Suméria, por volta de quatro mil antes de Cristo. A primeira regulamentação do comércio de cerveja ocorreu em torno de 1.750 A.C, e, mais tarde, acrescentou-se à sua composição o lúpulo, ingrediente que a tornou uma bebida nos padrões atuais de consumo.
A famosa loura gelada é um produto de longa tradição também no Brasil. Porém, sua ascensão foi vagarosa, pois no início do século XIX, o vinho e a cachaça eram preferidos pela população. Mesmo assim, nessa época, a cerveja já era comercializada, apesar de que seu consumo ainda não era generalizado. Com o passar do tempo, a demanda aumentou e, em 1836, surgiu a primeira notícia de sua fabricação no Brasil, e desde então, tornou-se paixão nacional.

Qualidade Especial

Atualmente, existem várias microcervejarias espalhadas em nosso país, e uma das mais reconhecidas e refinadas está localizada em Minas Gerais. Fundada em 2004, a Falke Bier é uma cervejaria familiar, que tem como objetivo produzir cervejas artesanais com qualidade, história e personalidade. A empresa nasceu da iniciativa dos irmãos Marco Antonio, Juliana e Ronaldo Falcone, que abandonaram suas atividades e investiram em um projeto que buscava qualidade de vida. “O nosso objetivo era produzir a cerveja de maneira que ela se tornasse uma paixão, e não somente um produto”, ressalta Marco Falcone.

A Falke Bier possui cervejas mais do que especiais. A Monasterium e a Vivre pour Vivre, bebidas da marca, são famosas não só pelo sabor, mas também pela maneira de preparo. A Monasterium, por exemplo, é vencedora do prêmio Award 2008 como produto inovador, e leva até seis meses para ficar pronta. “O processo é bem meticuloso. Ela é refermentada na garrada e maturada em uma adega subterrânea climatizada, acústica e ao som do canto gregoriano”, explica Falcone.

Já a Vivre pour Vivre, é feita com uma fruta brasileira, a jabuticaba. Marco Falcone afirma que ela é a única cerveja no mundo que leva três anos para chegar à mesa do consumidor. Por isso, são produzidas apenas 600 garrafas por ano. “Eu queria fazer uma cerveja com a cara do Brasil, e ao mesmo tempo inédita. Então, utilizei a jabuticaba como ingrediente. Ficou fantástico!”, afirma.

Saudável e saborosa

Wellington Rodrigues, 43, biólogo, é um grande admirador da cerveja Falke, e sempre que pode, vai com os amigos degustar a bebida que, segundo ele, é especial. “Ela é diferenciada. Resgata valores, sabores e aromas que não são encontrados em outras marcas, devido ao processo de industrialização das mesmas. Por sua fabricação ser à base de produtos naturais e sem a adição de conservantes, a Falke produz cervejas especiais e saudáveis, ricas em vitaminas do complexo B”, relata Wellington.

Mas, Fabrício Mendes, 25, universitário, reclama dos preços das bebidas da marca, que, segundo ele, podem chegar a incríveis R$ 200 por garrafa. “Eu adoro beber as cervejas da Falke, mas, infelizmente, não é sempre que posso comprar, pois, por serem artesanais e terem um processo especial de preparação, o preço acaba aumentando”, lamenta o rapaz.

Artesanal vs Industrializada

Segundo Falcone, o lema “beber menos, mas beber melhor”, traduz intensamente a diferença entre as bebidas. Ele afirma que a cerveja artesanal não está ligada somente ao fato de beber, mas também ao gourmet. “A qualidade é bem maior, e quem busca degustar uma cerveja especial não quer ficar bêbado, mas sim sentir seu verdadeiro sabor e também a qualidade diferenciada”, diz.

De fato, as cervejas artesanais possuem um valor de comercialização mais alto do que as industriais, mas, para Marco Falcone, isso não é nenhum obstáculo. “O fato de ser mais caro acaba gerando certo desconforto em algumas pessoas, mas quem bebe uma cerveja especial, estará consumindo um produto de altíssima qualidade e também muito mais saboroso”, afirma.

A jornalista Emiliana Bicalho ganhou de presente uma garrafa da Falke e afirma que gostou, mas não abre mão das industrializadas. “Gosto da pilsen, que não é tão encorpada, mas acho que, no inverno dá pra variar beber outro tipo de cerveja, variar, porque não é todo mundo que gosta de vinho”. Certamente, seja ela artesanal ou industrializada, conhecida como lourinha, gelada, breja, cerva ou tchela, a cerveja sempre terá lugar especial no paladar dos brasileiros.

Fotos: Armando Giaquinto

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Universo cibertrônico

Celulares, games, notebooks entre outros eletrônicos são cada vez mais objetos de desejo no mundo contemporâneo

Sueli Azevedo (3º período), para a edição 54 do Jornal Lince.



Os dispositivos eletrônicos estão sempre em ritmo de atualização acompanhando a modernidade do mundo. Mas, será que toda esta correria tecnológica das grandes empresas e marcas se reflete de alguma forma na sociedade? Sim, principalmente no bolso de seus seguidores. Acompanhar o compasso dos eletrônicos é uma tarefa difícil e cara, pois, a cada atualização do seu dispositivo, ele vem mais caro.

Os geeks, pessoas conhecidas por serem obcecadas por tecnologia e eletrônicos, são os que estão sempre a par do que há de novo neste imenso mundo cibernético. Leandro Alves, 28 anos, é um geek assumido e se considera um viciado em tecnologia — “gosto de estar por dentro de tudo que é novo e tecnológico”. Ele conta como são suas reações cada vez que fica sabendo que será lançado um novo equipamento eletrônico: “Fico muito empolgado e ansioso”, diz. 

Leandro, porém, faz uma ressalva quando se trata apenas de uma atualização do software do aparelho. “Não costumo trocá-los, pois com toda a tecnologia e as facilidades existentes é só atualizar o software do aparelho e assim ter o mesmo sempre atual”. Mas, pra variar, se o design do aparelho novo for muito superior ao do que já possui, Leandro admite que não resiste.

BRINQUEDOS CAROS

Leandro não sabe ao certo o quanto já gastou, mas é uma conta que fica por volta dos R$ 12 mil. O segredo, diz ele, é sempre manter a calma “para não fazer nenhuma loucura”. Ele tem como seus brinquedos tecnológicos um Iphone 4s 64 GB,  um IPod 16 GB, um Xbox com kinet, uma Tv LCD 42 polegadas, um IPad e um notebook HP Core i7 8 GB RAM  1,5TB HD. Seu atual objeto de desejo é uma câmera Sony Cibershot, à prova d’água, que custa em torno de R$ 1.200.

Desejo e consumismo estão interligados neste caminho para a modernidade e por este motivo é bom ter cautela na hora da aquisição do seu novo dispositivo. O preço pode variar muito, dependendo não só da marca, mas também da loja. O preço do queridinho celular da Apple, o Iphone 5, por exemplo, pode variar de R$ 1.200 a R$ 3 mil.

A tecnologia é muito válida hoje principalmente se necessitamos obter informações mais rapidamente. Da mesma forma, pode nos ajudar a realizar trabalhos antes um pouco mais complicados. Leandro usa a tecnologia para estudar e trabalhar, e quando precisa de uma mãosinha no trânsito, usa o GPS do seu Iphone para lhe indicar um atalho.

O geek também diz que a tecnologia de hoje no Brasil não é das melhores, se comparada a países mais avançadas. “E ainda é muito cara e lenta, mas ainda assim, tem feito grandes melhorias para a vida das pessoas”, afirma Leandro, lamentando que, infelizmente há pessoas “que se utilizam desse meio para prejudicar e lesar outras com mais facilidade que antes, utilizando de dados pessoais, imagens entre outras”.

O OUTRO LADO DA MOEDA

Mesmo com toda a ajuda e melhorias que estes eletrônicos trazem à vida das pessoas, nem todos reverenciam a tecnologia. Michele Aguiar, 25 anos, diz que esta do lado da resistência a toda esta tecnologia: “Acho toda esta parafernália uma complicação para aprender a mexer, não tenho a menor paciência, ainda mais com estes aparelhos cada vez menores, mais finos e mais complicados”, ataca.

Dificuldade em lidar com os novos aparelhos eletrônicos e seus aplicativos, é uma das maiores reclamações quando se trata de resistência a eles. Michele é vendedora de roupas e diz que o único aplicativo que ela usa em seu celular é a calculadora. “Tenho preguiça de todos estes aplicativos; meu celular é dos antigos ainda e com teclado normal”, comenta. Michele já ganhou um com tela touchscreen, que não durou nem quatro meses. “Achei uma chatice aquelas frescuras todas”, detona.

Michele afirma que, apesar de parecer, não é nenhuma “tecnófoba”. Diz que deixa claro que é a favor do avanço da tecnologia para o desenvolvimento de novas descobertas, “mas no campo da saúde, por exemplo”, ressalva. Mas é bom ir se preparando, seja nos aparelhos eletrônicos, no transporte ou na saúde, o mundo esta em pleno desenvolvimento tecnológico e a tendência é irreversível. Conviver neste universo cibernético será uma realização para alguns e um aprendizado para outros.


Fotos: Sueli Azevedo

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Crônicas do ônibus: de A a Z

Por Bruno Menezes, (8º Período), para a edição 54 do Jornal Lince.


Acordei atrasado. Maldito seja o individuo que inventou a função soneca para celular. Sempre me faz atrasar. Em tese, chego ao estágio todos os dias às 8h. Para isso, eu teria que pegar o ônibus das 7h05, mas hoje não teve jeito, só consegui o das 7h25. O trânsito é intenso durante todas as manhãs em Belo Horizonte. Essa, em especial era pior – manhã de sexta-feira é sempre complicada. Não há um dia em que meu ônibus não pegue um engarrafamento na Avenida Pedro II. E a gente sempre fica pensando – Imagina na copa!

Passando pela área central da cidade, já na Avenida Augusto de Lima, próximo ao edifício Maletta, um senhor de sapatos engraxados, cabelos brancos, camisa polo amarela e um envelope na mão entra no ônibus. Ele senta-se na parte da frente, próximo ao trocador. Parece que ele pega o mesmo ônibus todos os dias, afinal o motorista assim que o viu já gritou: grande seu Agenor!

71 anos, 5 meses e 10 dias, assim o seu Agenor orgulhava-se em dizer sua idade. Em conversa com o motorista do ônibus da linha 64, ele se gabava de seus feitos. Pai de quatro filhos e casado há 46 anos, seu Agenor esbanja vitalidade e acredita que casar é a melhor coisa do mundo. “Eu me casei em 1967, até hoje estou com a mesma mulher. Casar é bom demais, difícil é continuar casado”, disse ele já aos risos.

Eu tentava ouvir a conversa dos dois, mas sempre de olho no relógio. A previsão era de que eu chegaria 30 minutos atrasado no estágio, isso sendo otimista. Entretanto, eu estava atento à boa história de seu Agenor.

– Trabalho em uma construtora que fica ali na Gonçalves Dias com Olegário Maciel. Passaremos perto dela, você vai ver. Comecei a trabalhar lá tem pouco tempo, comentou.
– Ah é? Tem pouco tempo? Perguntou o motorista.
– Tem sim, são só 49 anos. Trabalho lá desde o dia 1º de fevereiro de 1964 – Mais uma vez ele terminou sua frase aos risos.

O motorista ficou impressionado com a lucidez de seu Agenor e a vontade de ainda fazer questão de exercer uma profissão. Um verdadeiro apaixonado pelo que faz, eu diria. Tanto que ele contou, orgulhosamente, que a empresa em que ele trabalha, construiu a primeira trincheira na Pampulha.

Na mesma sexta-feira e na mesma linha de ônibus, porém na ida para casa, conheci Zuleide, a piriguete da favela Sumaré. De chinelo roxo, shortinho apertado e uma blusa que deixava a mostra seu piercing no umbigo, a morena entrou no ônibus. Estava acompanhada de mais duas pessoas, um homem e uma mulher. Já passava das 15h e o calor naquela tarde estava insuportável.

O trio entrou no ônibus gritando que não iria pagar a passagem. Eles pulariam a roleta da forma que eles mesmo descreveram: “na cara dura”. Zuleide liderando o grupo, perguntou aos companheiros se ela teria que ser a primeira a pular. Os olhos assustados dos outros passageiros se sobressaltaram, todos ficaram apreensivos fitando a moça. Felizmente tudo não passou de uma brincadeira. Ela tirou o cartão do banco e o cartão Bhbus da bolsa e ainda brincou com a trocadora “vocês não aceitam cartão de crédito?”.

Assim o gelo foi quebrado, o clima melhorou e tranquilamente eles passarem pela roleta.
Felizmente só para a trocadora, não bastasse o ônibus estar cheio eles ficaram parados nos degraus da porta do meio, atrapalhando o desembarque dos passageiros. Meu ponto estava se aproximando, me posicionei perto da porta, atrás do trio, na esperança que eles desconfiassem da minha intenção de descer. Incomodado, o rapaz começou a falar:

- Deixa eu sair daqui né!? Esse cara aqui atrás de mim não tá dando certo.

Zuleide, a grande figura da favela Sumaré, não podia perder essa:

- Nossa, eu adoro! Se ele quiser ficar atrás de mim pode.

- Olha ai! Viu o que ela falou para você? – Disse o rapaz dirigindo-se a mim.

Dei um sorriso e acenei com a cabeça que sim.

Meu ponto chegou, hora de descer. Com dificuldade, fui passando pelos obstáculos, ou melhor, por eles. Já com meus pés na rua, Zuleide gritou de dentro do ônibus: “Ô moço! Eu tava brincando, viu?!” Deu uma gargalhada e completou. “Mas se quiser levar a brincadeira a sério, também pode!”.

Não aguentei segurar a risada e mandei um tchau para ela enquanto o ônibus partia. Definitivamente o transporte coletivo é uma fonte de boas histórias e grande figuras que mereciam ser estudadas. Do seu Agenor a Zuleide. De A a Z. Depois disso? Fui para o bar, ora essa. Era sexta-feira e também sou filho de Deus.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Em busca da batida perfeita

Mesmo quando fica à margem do mercado, a música independente cria várias vertentes dentro da atual cultura brasileira 

Por Rayza Kamke (3º Período), para a edição 54 do Jornal Lince.

Os primeiros registros da musica independente são datados na década de 1950, quando pequenas gravadoras nasciam nos Estados Unidos. A cultura libertária teve ênfase nos anos de 1960 e 1970, quando o movimento punk deu notoriedade e disseminou culturalmente, não só a música, mas toda uma forma de se comportar e de viver. Desde então, a cultura do independente vem crescendo e tomando espaço, inclusive no Brasil.

Mas, o que é musica independente? Como definição básica, entende-se que musica independente é aquela que não está vinculada a grandes gravadoras, quando o interprete tenha controle sobre a elaboração e realização do trabalho em todas as suas etapas. Pouca gente tem conhecimento da verdadeira realidade do trabalho árduo praticado pelo artista, que na maioria das vezes, é movido só pela paixão, resistindo às dificuldades existentes.



INCENTIVOS

Mesmo com o crescimento, o artista independente ainda sofre com a falta de incentivo e estrutura. Em Minas, os mais procurados atualmente são Vander Lee, Laiza Morais, Cobra Coral, Sérgio Pererê... “São alguns dos mais pedidos; é imensa a variedade de nomes que se sobressaem hoje, incluindo a moda de viola, que também é sempre procurada por aqui”, conta Carlos Andrade, da loja Discoplay, que trabalha no ramo musical há 17 anos, e diz ter acompanhado grandes artistas mineiros que nasceram do independente e crescerem internacionalmente.

Carlos diz ainda que é constante a chegada de novos artistas para batalhar entre o meio, mas reconhece que o que falta de ajuda chega a ser desestimulante.

— Faltam incentivos; o artista tem todo o trabalho, desde a produção até comercialização. Ele grava, trabalha na arte, traz os CDs debaixo do braço para distribuição, e muitas vezes não recebe o reconhecimento que merece.

Carlos explica que, na maioria das vezes, o próprio artista, ou o produtor, trazem o trabalho até a loja, que é comprado por remessa pelo distribuidor. Se o trabalho for bem recebido, entram em contato e solicitam mais para a comercialização.
DIFICULDADES

 Dentro do contexto independente, os artistas se deparam com grandes dificuldades para mostrar ao publico o seu trabalho. No Brasil, foi criada a Lei do Incentivo a Cultura, instrumento de apoio às iniciativas culturais. O projeto consiste em permitir que as contribuições de pessoas jurídicas aos projetos culturais sejam deduzidas do imposto estadual devido pelas empresas. Mecanismo esse, que se torna falho e mantém um desequilíbrio contínuo por não conseguir atender a uma grande parte dos artistas.

Elianne Noronha, empresária da banda feminina Tamba Tajá, criada em 1998, conta sobre a sua preocupação com o direcionamento da música independente dentro do cenário brasileiro. “Nosso trabalho não é divulgado em rádios; elas só os das grandes gravadoras. As bandas independentes conseguem aprovar projetos nas Leis de Incentivo, mas a grande maioria destes projetos não se concretiza pela falta de apoio do empresariado. Então, às vezes, me pergunto: até onde o gostar, o prazer, e a alegria de levar musica boa às pessoas vai nos motivar?”. Apesar dos pesares, mesmo remando contra a maré, a banda já gravou dois CDs independentes patrocinados pela Lei do Incentivo.

“É MÁGICO”

Diante das dificuldades encontradas, o preconceito, a desvalorização e a baixa remuneração diminuem os espaços para apresentações, o que também leva ao término de bandas, ou a perda de integrantes, que deixam os grupos em busca de outras oportunidades. Com a ascensão do hip hop nacional, o cantor mineiro Pedro Vuks, lançou seu primeiro CD em 2011, mas afirma sofrer diante do meio fonográfico por morar em Belo Horizonte. Vuks conta que já mandou seu material para divulgação de trabalho para vários sites e não obteve resposta. “Só que eu não ligo; sempre busco ter um plano B”, afirma.

Segundo Vuks, é um pouco complicado ter que trabalhar sozinho. A gravação, arte da capa, vendas, fechamento de shows, e envios do material para todo o Brasil são feitos por conta própria. “É um trabalho integral”, teoriza.

Apesar de todo o peso do trabalho, a recompensa chega junto com o reconhecimento. Vuks confessa que ainda fica surpreso e até encara como novidade quando vê alguém do meio em uma grande mídia, ou com uma música muito boa.

— Só Deus e nossas famílias sabem o que passamos pra chegar a esse momento. É mágico ver que estamos sendo valorizados; eu gosto disso. Não vejo como moda. É progresso mesmo.

CONECTADOS

 A inserção da música independente dentro do mercado atual segue um parâmetro de crescimento junto com a tecnologia da comunicação. A banda paulista de rock Emmercia foi criada em 2011 e cresce nacionalmente com a ajuda da internet e das redes sociais. Sérgio Kamada, tecladista da banda, que mistura efeitos eletrônicos com rock pesado, admite que é uma responsabilidade muito grande movimentar os próprios projetos, mas a liberdade para o marketing da banda proporciona facilidade para interagir com os fãs. “A tecnologia favorece a independência musical; creio que 80% das pessoas que seguem a banda vieram pelas redes sociais — por enquanto, as principais que usamos são o soundcloud, facebook e youtube! Pretendemos expandir ainda mais nas redes”, disse.

A tecnologia também ajuda aos artistas para a produção do trabalho. Com a criação de programas que não precisam ser manuseados por profissionais da Área. “A produção de parte das músicas que lançamos foi feita por mim. Produção caseira. Graças a lançamentos de equipamentos profissionais que servem para Home Studio. Tudo com baixo custo! Glória!”, brinca Kamada. Mesmo assim, a banda mantém o foco de lançar um CD gravado em estúdio, tornando o material menos caseiro e mais profissional.

Com a facilidade de produzir, gravar e disponibilizar o trabalho, o mercado musical se tornou repleto de variedades de bandas e sons. Com o avanço tecnológico, também ficou mais fácil descobrir e acompanhar bandas alternativas para quem curte cada gênero. Hoje é mais fácil encontrar páginas diversas e espaços exclusivos sobre o assunto. Cinthia Xavier, 19, conta que há muito tempo utiliza fontes disponíveis para conhecer a música independente, de que não abre mão. “Eu e algumas amigas sempre tivemos o hábito de procurar por músicas ou bandas que não são famosas, porque algumas marcaram minha vida”, conta. Segundo Cinthia, a qualidade e a criatividade de algumas bandas são incríveis. “Acompanhei o término de algumas bandas de que gostava muito, por falta de chances e desvalorização. É uma pena”.